Influenciadora trans condena tratamentos de redesignação para crianças

Durante entrevista ao programa Oeste com Elas, realizada nesta sexta-feira, 2, a influenciadora Sophia Barclay criticou o conceito de “criança trans” e defendeu que a os procedimentos de redesignação de gênero devem ocorrer apenas depois da infância, com acompanhamento profissional.

Mulher trans e afiliada ao Partido Liberal (PL), ela se apresenta nas redes sociais como “trans de direita” e costuma se posicionar contra pautas progressistas.

“Criança trans não existe, gente”, afirmou Sophia. “É um absurdo. Eu, quando criança, era apenas uma criança. Se a criança for ser trans, se ela for gay, quando completar os seus 14, 15 anos, ela vai se identificar naturalmente. E aí vai recorrer, vai pedir ajuda aos pais. Aí entram os especialistas, psicólogo, terapia. É todo um processo para que as coisas sejam feitas da forma correta.”

Sophia sustenta que incentivar discussões sobre identidade de gênero na infância pode gerar confusão e sofrimento. Ela relata que começou a se entender como trans aos 15 anos, depois de enfrentar dúvidas internas e a falta de acolhimento familiar.

“Eu fui amadurecendo e fui entendendo que não conseguia sentir atração pelo gênero feminino”, disse. “Só que, na minha cabeça, estava tudo confuso. Por isso que eu falo que é pesado pra criança. Precisa de acompanhamento psicológico. Você se cobra também. Você tem medo do que está acontecendo. Você não entende o que está acontecendo com você.”

Ela também se opõe à presença de crianças em eventos como paradas LGBT, argumentando que não se trata de um ambiente adequado para menores de idade.

Por ser de direita, mulher trans foi atacada pela esquerda

Na entrevista, Sophia criticou o que classifica como “militância excessiva” da esquerda e de setores do movimento LGBT. Ela relatou que já foi atacada por se posicionar como de direita e por ressaltar, por exemplo, as diferenças entre mulheres biológicas e mulheres trans.

“A esquerda tanto prega, a militância excessiva prega que você tem liberdade, que tem igualdade, mas quando você se posiciona ao contrário do que eles pensam, o que mais fazem é tirar a sua liberdade (…) Existe preconceito tanto dentro da direita quanto dentro da esquerda. Porém, a esquerda é a que mais me ataca hoje em dia.”


A influenciadora também afirmou ter encontrado apoio político e pessoal na direita, inclusive no ex-presidente Jair Bolsonaro e dentro do PL. Segundo ela, ao contrário do que ouvia de militantes de esquerda, foi acolhida por liberais e conservadores sem sofrer rejeição.

“Hoje eu sou abraçada, sou acolhida”, disse. “Estive com o presidente Bolsonaro, jantei com ele e fui acolhida. Ninguém me desrespeitou, me olhou torto. Muito pelo contrário.”


Sophia defende que pessoas trans reconheçam seus limites biológicos e respeitem o espaço conquistado por mulheres. “Eu não menstruo, eu não engravido”, acrescentou. “E tá tudo bem. Eu tenho que respeitar o espaço das mulheres biológicas. Foram anos de luta para vocês conquistarem esse espaço”.

“Transição exige preparo, não impulso”

Sophia também compartilhou detalhes sobre o processo que viveu até decidir iniciar a transição. Segundo ela, só tomou essa decisão aos 21 anos, quando já morava sozinha e se sentia emocionalmente pronta.

Antes disso, passou por acompanhamento psicológico e contou com o apoio de pessoas próximas — incluindo a modelo Roberta Close, que ela cita como referência.

“Tem tratamento psicológico”, explicou. “Você passa por psicólogo, psiquiatra, endocrinologista também, tem toda uma liberação. Eles vão te avaliar e ver se é isso mesmo que você quer ou se alguém te influenciou.”

Ela defende que nenhuma criança deve ser incentivada a tomar decisões tão definitivas e que o papel da família é observar, acolher e buscar ajuda profissional, sem agir com agressividade.

“A criança não pode responder por si. É uma criança. Calma. Espera chegar a uma idade mais avançada e a gente começa a conversar sobre isso. Sempre fique de olho, sempre dê atenção à criança. Leve ao psicólogo, à terapia. É importante pra ela se descobrir: ‘é isso que você é? É isso que você quer?'”

Sophia contou que enfrentou dificuldades na relação com o pai durante a adolescência e que a falta de diálogo contribuiu para um período de sofrimento. Ela acredita que, se tivesse recebido acolhimento, teria lidado de forma mais saudável com suas dúvidas.

Ela também citou o papel da fé nesse processo, afirmando que a igreja foi um espaço de acolhimento e aprendizado, mesmo diante de tensões com parte da comunidade LGBT.

“A igreja também me ajudou muito. Às vezes, a pessoa só quer aprender. Mas hoje em dia tudo é chamado de transfobia. Às vezes a mãe só não sabe como lidar com o filho. E precisa de orientação.”

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