Como toda empresa norte-americana, a Apple quer saber de lucro em dólares. No Brasil, a soja é um dos produtos que mais valorizam o real — e, por consequência, tornam a moeda norte-americana com preço mais atrativo e o iPhone menos caro no Brasil.
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Para a Apple, o real é apenas o dinheiro que os consumidores de um único país usam. O dólar, por sua vez, é o que importa aos acionistas — os investidores. Por isso, a empresa calcula seus custos e faz as projeções de lucro justamente na moeda norte-americana.
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A lógica é tão simples quanto eficiente: os acionistas querem lucros em dólares. Quanto mais lucrativa uma empresa é, mais investidores aparecem com apetite para comprar ações, o que eleva a cotação e torna a companhia ainda mais valiosa. É uma relação de oferta e demanda — e é esse o mesmo mecanismo que controla o valor do dólar frente ao real.
Quanto menos dólares entram no Brasil, mais cara fica a moeda frente ao real. O que freia esse aumento — ou até reduz a cotação — é o crescimento da oferta.
A soja é um dos campeões de exportação do mercado brasileiro, o que traz dólares para o país — a moeda que a Apple usa para precificar o iPhone. Ou seja: quanto mais grãos os agricultores brasileiros vendem no mercado externo, maiores são as chances de o real se valorizar — e os aparelhos celulares, assim como tantos outros produtos importados à venda nas lojas, caírem de preço.
Os dólares da soja para o Brasil
Ao longo de 2024, as exportações de soja perderam apenas para as de petróleo no quesito atração de dólares para o Brasil. Ainda assim, os dois produtos quase empataram. O óleo negro rendeu US$ 45 bilhões; já os grãos trouxeram US$ 43 bilhões.
Além disso, outros produtos em que o país tem proeminência no mercado externo dependem do cultivo da soja para existir. Entre eles, as carnes de aves e suínos. A relação com esses animais é tão fundamental que um ditado popular no campo diz: “frango e porco são soja andando.”

A proteína na ração para engorda desses animais vem exatamente graças a esses grãos. Assim, é ela que se converte em carne no corpo dos bichos. A exportação desses alimentos congelados rendeu US$ 12 bilhões. Ou seja: juntos, soja e os animais que dela dependem superam, com folga, até mesmo o petróleo na atração de riqueza para o país.
Somando tudo, um em cada seis dólares que entraram no país por meio de exportações em 2024 veio dessa cadeia. Entre soja e as carnes de aves e suínos, foram US$ 55 bilhões. Sem eles, o dólar — e, por consequência, o iPhone — estaria muito mais caro no Brasil.
O post Soja reduz o preço do iPhone no Brasil apareceu primeiro em Revista Oeste.