Alemanha suspende classificação da AfD como extremista por decisão da Justiça

O serviço de inteligência interno alemão (Bundersamt für Verfassungsschutz, BfV), cancelou temporariamente a classificação do partido Alternativa para Alemanha (Alternative für Deutschland, AfD) como “movimento extremista de direita”. A suspensão obedece a uma decisão judicial de um tribunal da cidade de Colônia, emitida nesta quinta-feira, 8.

Até que a Justiça analise uma contestação apresentada pelo partido, a agência não pode mais se referir publicamente à AfD como extremista. No entanto, vai seguir tratando a legenda como suspeita. 

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O BfV havia anunciado a nova classificação para o partido na última sexta-feira, 2. A mudança não era apenas conceitual, mas sim, uma autorização de reforço da vigilância sobre a AfD, inclusive com o recrutamento de informantes e interceptação de comunicações. 


Essa medida baseava-se em um relatório de 1,1 mil páginas elaborado por especialistas da agência, que descrevia o partido como racista e hostil a muçulmanos. Segundo o documento, “a AfD considera os cidadãos alemães com histórico de migração de países muçulmanos, por exemplo, como não sendo membros iguais do povo alemão”. 

A agência afirmou ainda que “concepção de povo baseada em etnia e ancestralidade que predomina no partido não é compatível com a ordem democrática livre”. O BfV já havia classificado a sigla como extremista em 2021, mas com uma ressalva de que o rótulo ainda precisava de mais investigações para ser ratificado.

A AfD comemorou a decisão da Justiça. Em nota conjunta, os líderes Tino Chrupalla e Alice Weidel afirmaram estar usando todos os meios legais contra a classificação e consideraram a suspensão um passo importante rumo à reabilitação da imagem do partido. “Este é um primeiro passo importante em direção à nossa efetiva exoneração e, assim, contra a acusação de extremismo de direita.”

Partido AfD, da Alemanha, recorre na Justiça contra classificação de extremista
Os colíderes da Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel e Tino Chrupalla, posam com o líder do partido AfD no Bundestag, Bernd Baumann, e o membro do partido AfD, Alexander Gauland, após darem uma declaração à imprensa no dia da reunião da fração parlamentar da AfD depois das eleições gerais alemãs em Berlim, Alemanha (25/2/2025) | Foto: Reuters/Lisi Niesner

Aliados estrangeiros da AfD criticam classificação de extremismo

Nos últimos anos, cresceu no Parlamento alemão o debate sobre um possível banimento da AfD, mas sem avanços significativos. A recente classificação do BfV reacendeu essas discussões, em meio ao crescimento eleitoral da legenda, que conquistou a segunda maior bancada nas eleições de fevereiro — um marco inédito no pós-guerra.

Apesar de buscar cargos de liderança legislativa, o partido continua isolado politicamente. Demais legendas mantêm um “cordão sanitário”, devido a investigações de membros da AfD por acusações de discursos de ódio e ligações ao neonazismo. 

A sigla alega que esse isolamento, apelidado de “Brandmauer” (muro de proteção), ignora a vontade popular e representa um esforço coordenado do centro político para manter o poder.


A classificação como extremista também gerou reações negativas no exterior. Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, criticou a medida como uma “tirania disfarçada”. O vice-presidente norte-americano, JD Vance, comparou a decisão à construção de um novo Muro de Berlim, desta vez erguido pelo próprio governo alemão.

Já a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, defendeu o relatório da agência, o qual classificou como “um exame abrangente e neutro”, sem relação com o calendário eleitoral ou pesquisas de opinião.

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