O serviço de inteligência interno alemão (Bundersamt für Verfassungsschutz, BfV), cancelou temporariamente a classificação do partido Alternativa para Alemanha (Alternative für Deutschland, AfD) como “movimento extremista de direita”. A suspensão obedece a uma decisão judicial de um tribunal da cidade de Colônia, emitida nesta quinta-feira, 8.
Até que a Justiça analise uma contestação apresentada pelo partido, a agência não pode mais se referir publicamente à AfD como extremista. No entanto, vai seguir tratando a legenda como suspeita.
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O BfV havia anunciado a nova classificação para o partido na última sexta-feira, 2. A mudança não era apenas conceitual, mas sim, uma autorização de reforço da vigilância sobre a AfD, inclusive com o recrutamento de informantes e interceptação de comunicações.
+++ Tino Chrupalla/Alice Weidel: AfD erzielt Teilerfolg gegen Verfassungsschutz! +++
Zur Mitteilung des Bundesamtes für Verfassungsschutz, die Hochstufung der Alternative für Deutschland als „gesichert rechtsextrem“ zurückzunehmen, erklären die AfD-Bundessprecher Tino Chrupalla… pic.twitter.com/w4O4UNyWcs
— Alice Weidel (@Alice_Weidel) May 8, 2025
Essa medida baseava-se em um relatório de 1,1 mil páginas elaborado por especialistas da agência, que descrevia o partido como racista e hostil a muçulmanos. Segundo o documento, “a AfD considera os cidadãos alemães com histórico de migração de países muçulmanos, por exemplo, como não sendo membros iguais do povo alemão”.
A agência afirmou ainda que “concepção de povo baseada em etnia e ancestralidade que predomina no partido não é compatível com a ordem democrática livre”. O BfV já havia classificado a sigla como extremista em 2021, mas com uma ressalva de que o rótulo ainda precisava de mais investigações para ser ratificado.
A AfD comemorou a decisão da Justiça. Em nota conjunta, os líderes Tino Chrupalla e Alice Weidel afirmaram estar usando todos os meios legais contra a classificação e consideraram a suspensão um passo importante rumo à reabilitação da imagem do partido. “Este é um primeiro passo importante em direção à nossa efetiva exoneração e, assim, contra a acusação de extremismo de direita.”

Aliados estrangeiros da AfD criticam classificação de extremismo
Nos últimos anos, cresceu no Parlamento alemão o debate sobre um possível banimento da AfD, mas sem avanços significativos. A recente classificação do BfV reacendeu essas discussões, em meio ao crescimento eleitoral da legenda, que conquistou a segunda maior bancada nas eleições de fevereiro — um marco inédito no pós-guerra.
Apesar de buscar cargos de liderança legislativa, o partido continua isolado politicamente. Demais legendas mantêm um “cordão sanitário”, devido a investigações de membros da AfD por acusações de discursos de ódio e ligações ao neonazismo.
A sigla alega que esse isolamento, apelidado de “Brandmauer” (muro de proteção), ignora a vontade popular e representa um esforço coordenado do centro político para manter o poder.
Germany just gave its spy agency new powers to surveil the opposition. That’s not democracy—it’s tyranny in disguise.
What is truly extremist is not the popular AfD—which took second in the recent election—but rather the establishment’s deadly open border immigration policies…
— Secretary Marco Rubio (@SecRubio) May 2, 2025
A classificação como extremista também gerou reações negativas no exterior. Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, criticou a medida como uma “tirania disfarçada”. O vice-presidente norte-americano, JD Vance, comparou a decisão à construção de um novo Muro de Berlim, desta vez erguido pelo próprio governo alemão.
Já a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, defendeu o relatório da agência, o qual classificou como “um exame abrangente e neutro”, sem relação com o calendário eleitoral ou pesquisas de opinião.
O post Alemanha suspende classificação da AfD como extremista por decisão da Justiça apareceu primeiro em Revista Oeste.