Presidente da INB enfrenta acusações de escutas ilegais e vazamento de dados

Adauto Seixas, presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), enfrenta acusações graves de vazamento de informações, escutas ilegais e uso indevido de e-mails institucionais por terceiros. O jornal Folha de S.Paulo divulgou as informações nesta quinta-feira, 8.

As denúncias envolvem diretamente sua mulher, Josiana Alves, e foram encaminhadas à Polícia Civil, Ministério Público do Trabalho, Ouvidoria e Comissão de Ética da estatal.

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O jornal teve acesso a áudios, mensagens e documentos que apontam perseguições contra uma servidora concursada da INB.

Segundo os registros, Josiana teria monitorado e invadido canais internos da estatal, repassando e comentando assuntos corporativos em nome do presidente.

A servidora relatou as ameaças depois do vazamento de uma conversa que ela teve com Seixas em maio de 2023, quando ele se preparava para assumir a presidência da empresa.

INB ignorou denúncias e permitiu novos ataques

Em junho de 2024, a servidora voltou a ser alvo de ameaças depois de enviar um e-mail interno sugerindo melhorias na divulgação de um simulado de emergência.

O conteúdo, enviado a setores ligados à presidência da INB, motivou uma nova onda de intimidações. Em comunicado enviado à Ouvidoria da Enbpar, estatal que controla a INB, ela denunciou a omissão da empresa diante da atuação de pessoas sem vínculo com o quadro funcional.

“Sofri ataques gratuitos, além de ameaças de monitoramento constante dentro da INB”, disse a funcionária. “Diante da gravidade dos novos fatos apresentados, diante da inércia dos órgãos internos em me proteger de ataques de terceiros não ligados diretamente à INB, submeto ao conhecimento da EnbPar a perseguição que venho sofrendo em meu ambiente de trabalho.”

Apesar de confirmar os fatos à imprensa, a servidora preferiu não conceder entrevista à Folha e disse aguardar o desfecho dos processos administrativos.

Presidente da INB nega e se diz perseguido

Adauto Seixas não comentou diretamente as denúncias. Por meio de nota oficial da estatal, afirmou ser vítima de perseguição. Disse também que os relatos da servidora já foram encaminhados à Comissão de Ética, Ouvidoria e Corregedoria da Enbpar.

Como resultado, a empresa declarou ainda que não compactua com qualquer forma de assédio ou conduta incompatível com o serviço público.

A assessoria também informou que a INB instaurou apuração interna sobre o uso de canais institucionais para fins pessoais. O Ministério de Minas e Energia, ao qual a estatal está subordinada, declarou não ter conhecimento do caso.

Seixas aderiu ao PDV e manteve cargo de presidente

Além das denúncias internas, Adauto Seixas também é investigado por ter aderido ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) da própria INB no fim de 2024, sem deixar o cargo de comando da estatal.

O estatuto da empresa proíbe que funcionários desligados pelo PDV permaneçam em funções executivas. Apesar disso, Seixas continuou na presidência e, em fevereiro do ano passado, recebeu R$ 43 mil em auxílio-moradia retroativo.

O valor se refere ao período em que ele se transferiu de Poços de Caldas (MG) para o Rio de Janeiro, onde a INB mantém um dos escritórios. Segundo apuração da imprensa, ele possui um apartamento em Copacabana, o que colocaria em dúvida a necessidade do benefício.

Seixas negou qualquer irregularidade, tanto na adesão ao PDV quanto no recebimento do valor retroativo.

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Enquanto o caso se arrasta entre diferentes instâncias — Polícia Civil, Ministério Público, órgãos internos da Enbpar e do governo federal —, a estatal continua evitando declarações diretas sobre o envolvimento da esposa do presidente. A Controladoria-Geral da União ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.

A servidora, em contrapartida, cobra medidas concretas para impedir que civis sem vínculo público continuem interferindo em decisões administrativas. Para ela, a falta de ação da estatal institucionaliza o ambiente de medo e vigilância dentro da INB.

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