Em editorial publicado neste domingo, 11, o jornal Folha de S.Paulo afirma que o Banco Central (BC) está tentando conter a inflação com a aplicação de juros elevados, mas enfrenta obstáculos internos criados pelo próprio governo Lula, cuja política fiscal expansionista contradiz os esforços da autoridade monetária.
O BC elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006. A medida, aprovada por unanimidade no Comitê de Política Monetária (Copom), busca enfrentar a inflação persistente em um cenário global instável.
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Além das expectativas para o IPCA acima da meta, o Copom destacou riscos internos e externos. Entre eles, estão a alta dos serviços, os estímulos do governo à demanda e a guerra comercial conduzida pelos Estados Unidos.
A sinalização do BC indica que o atual ciclo de alta pode ter chegado ao fim ou estar próximo disso. Mesmo assim, a autoridade monetária mantém uma postura de cautela. A instituição continua indicando a ausência de medidas fiscais consistentes. “O Copom, hoje com maioria de participantes indicados por Lula, aponta que a política fiscal contribui para deteriorar as expectativas”, diz a Folha.
Enquanto o BC busca esfriar a economia, o governo Lula acelera programas de estímulo ao consumo. Essa dicotomia dificulta o controle da inflação e obriga o Copom a manter juros elevados por mais tempo, o que penaliza famílias e empresas.
Real mais forte não reflete mérito de Lula
A valorização do real tem contribuído para aliviar os preços de energia e produtos industriais. No entanto, o fenômeno decorre de fatores externos — como a perda de força do dólar depois da escalada protecionista de Donald Trump —, e não de avanços da política econômica brasileira.
Com a fuga de capitais dos EUA e a busca por outros destinos, moedas de países emergentes, como o Brasil, passaram a ganhar força. Para os norte-americanos, isso gerou inflação. Para o restante do mundo, o risco é de recessão.
Mesmo com a Selic em patamar elevado, o BC projeta inflação acima da meta de 3% até pelo menos meados de 2027. A pressão se intensifica com o desequilíbrio nas contas públicas e a resistência do governo em conter gastos.
O Copom, hoje formado majoritariamente por nomes indicados por Lula, alerta que a condução da política fiscal aumenta a percepção de risco e dificulta o trabalho da autoridade monetária.
Compromisso com ajuste fiscal ainda não existe
“Para evitar esse cenário seria necessário um compromisso crível com a redução do déficit público. Só assim se poderiam reduzir a percepção de risco e as projeções para o IPCA”, afirma o jornal.
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Até agora, porém, o Planalto optou por outro caminho. “Infelizmente, não é o que se vê do Planalto, que age apenas para minimizar danos e com o foco na popularidade presidencial”, finaliza a Folha.
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