Mauricio Claver-Carone, enviado especial para a América Latina membro o governo Donald Trump, apontou nesta segunda-feira, 12, três grandes entraves que afastam os investimentos dos Estados Unidos no Brasil: instabilidade cambial, criminalidade e corrupção.
Durante um jantar promovido em Nova York pelo grupo Esfera, que reuniu autoridades brasileiras, Claver-Carone expôs sua avaliação de forma direta. Prestes a deixar o cargo para atuar na iniciativa privada, ele ainda falou como representante da administração Trump. Segundo ele, os problemas que afetam o Brasil são recorrentes nas conversas com investidores internacionais, especialmente os sediados em Nova York.
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Ele contou que, ao criar seu próprio fundo, procurou os principais gestores do mercado financeiro. Conversou com cada um e perguntou quais estratégias adotavam em relação ao Brasil. A resposta surpreendeu.
Muitos afirmaram que tentaram investir, mas recuaram. Claver-Carone resumiu os motivos em três palavras que, segundo ele, todos conhecem: câmbio, crime e corrupção. Destacou o câmbio como o fator mais crítico e o mais difícil de enfrentar.
“Mas só para deixar claro, o que o Brasil precisa fazer para receber mais investimentos dos EUA? O Brasil enfrenta três problemas”, destacou Claver-Carone. “E eu vou dizê-los nesta ordem. E se você perguntar a qualquer investidor aqui em Nova York —e quando criei meu fundo, literalmente conversei com todos os principais fundos de investimento— perguntei: ‘O que vocês estão fazendo com isso?’ E eles disseram: ‘Nada, exceto Brasil. Fomos ao Brasil e depois saímos.’ Por quê? Eu os chamo dos três C’s. Mas é o primeiro que é realmente o mais difícil: câmbio.”
Membro do governo Trump enfatizou sobre as ameaças do crime organizado no Brasil
No segundo ponto, voltou sua atenção ao crime organizado. Citou o PCC e o Comando Vermelho como ameaças reais à estabilidade econômica e à segurança jurídica do país. Afirmou que o governo norte-americano mantém diálogo estreito com o Brasil para buscar formas de conter essas facções e melhorar o ambiente de negócios.
“Estamos trabalhando muito de perto com o governo atual para enfrentar esse problema”, enfatizou.
Sobre a corrupção, admitiu que houve avanços institucionais desde a Operação Lava Jato. No entanto, afirmou que a imagem construída por anos de escândalos ainda pesa negativamente na percepção internacional. A confiança dos investidores segue abalada, apesar das reformas e das medidas adotadas nos últimos anos.
Ao final de sua fala, criticou a baixa presença do Brasil no imaginário econômico global. Ressaltou que, embora o país seja a segunda maior economia do Hemisfério Ocidental, poucas pessoas nos Estados Unidos reconhecem isso.
“Vocês são a segunda maior economia do Hemisfério Ocidental, mas pergunte a qualquer um em Nova York quem está atrás dos EUA. Vão dizer Canadá ou México”, destacou. “Ninguém responde Brasil.”
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