Os Correios culparam o prejuízo bilionário registrado em 2024 à chamada “taxa das blusinhas”. Segundo a empresa, o tributo teve impacto positivo para o varejo nacional, mas negativo para a estatal.
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O rombo de R$ 2,6 bilhões dos Correios registrado no ano passado foi publicado na edição da última sexta-feira, 9, do Diário Oficial da União (DOU). O prejuízo foi quatro vezes maior do que o de 2023, quando a estatal registrou quase R$ 600 milhões.
Nesta segunda-feira, 12, os Correios anunciaram aos empregados um conjunto de medidas para conter gastos. A meta é economizar neste ano R$ 1,5 milhão. Entre as medidas estão a prorrogação de inscrição para o Programa de Desligamento Voluntário e a diminuição de jornada, com redução de salários.
Veja outras medidas anunciadas pelos Correios:
- Suspensão temporária da concessão de férias, com retomada a partir de janeiro de 2026;
- Revisão da estrutura da sede da empresa, com corte de pelo menos 20% no orçamento de funções;
- Retorno ao regime de trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025; e
- Lançamento de novos formatos de planos de saúde, com economia estimada de 30% para a empresa e para os empregados.
O resultado negativo de 2024 superou o rombo de 2016, que foi de R$ 1,5 bilhão — o equivalente a R$ 2,3 bilhões em valores atualizados pela inflação.
Os gastos dos Correios em meio ao rombo
No comunicado, os Correios afirmaram que o desempenho do ano passado foi “reflexo, principalmente, da queda nas receitas com encomendas internacionais e do aumento nas despesas da companhia”.
Apesar do rombo, os Correios não pouparam esforços para financiar eventos culturais. É o caso da turnê do cantor Gilberto Gil. A decisão da estatal de investir R$ 4 milhões nos shows do artista causou indignação entre os funcionários da empresa — que precisam submeter-se às medidas para conter os gastos.
Os trabalhadores também reclamam do problema com o repasse do FGTS e da falta de atendimento médico em razão das dificuldades com os convênios.
A turnê de Gilberto Gil não foi o único investimento dos Correios. No mês passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu investigar possíveis irregularidades na licitação de quase R$ 400 milhões da estatal para a contratação de serviços de publicidade.
Investigação contra a estatal
O TCU decidiu investigar a empresa depois de o deputado estadual Leo Siqueira (Novo-SP) protocolar uma representação que solicita a apuração de possíveis irregularidades na contratação das empresas.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta jogar a culpa do rombo dos Correios na gestão anterior. Contudo, o lucro da estatal registrado na administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi a maior da história — de quase R$ 4 bilhões.
Leia mais: “Os Correios começam a dar calote”, coluna de Carlo Cauti publicada na Edição 265 da Revista Oeste
Bolsonaro também colocou os Correios na lista de privatização. Depois de assumir o terceiro mandato, no entanto, Lula praticamente encerrou o programa de desestatização do governo federal.
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