O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrigou em seu gabinete um ex-diretor da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer). Essa é uma das associações investigadas pela Polícia Federal (PF) no escândalo dos descontos indevidos no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
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Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Jeronimo Arlindo da Silva Júnior, conhecido como Júnior do Peixe, foi secretário parlamentar de Motta entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021. No mesmo período, ele também era diretor de Assuntos Institucionais da Conafer.
Em 2024, Júnior do Peixe tentou ser candidato a vice-prefeito em Marizópolis, na Paraíba, pelo Republicanos, mesmo partido de Motta. O ex-assessor aparece em postagem nas redes sociais ao lado do presidente da Câmara. Motta liderou o partido nas eleições municipais do ano passado e filiou Júnior do Peixe à legenda.
A investigação da PF mostra que, em 2020, enquanto trabalhava para Motta, Júnior do Peixe assinou um ofício em que explicava estar à frente de um grupo de trabalho para reunir fichas associativas da Conafer, que seriam enviadas ao INSS. No documento, ele afirmava ser o responsável por receber citações judiciais em caso de fraudes nos descontos.
O envolvimento da Conafer na fraude do INSS
A Conafer é alvo de investigação da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) na Operação Sem Desconto, que apura o envolvimento de 11 entidades em fraudes que somam mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024 em descontos aplicados em aposentadorias e pensões do INSS.
A entidade é a segunda maior no volume de descontos, com quase R$ 500 milhões acumulados no mesmo período. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) lidera a lista, com mais de R$ 2 bilhões descontados no mesmo período.
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio de bens avaliados em pouco mais de R$ 2,5 bilhões com base na lei anticorrupção, mas a Conafer e a Contag foram excluídas da ação.
A oposição pressiona pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os descontos irregulares no INSS, mas a instalação depende do sinal verde de Hugo Motta. O presidente da Câmara explica que há 11 pedidos de CPI na fila, e o regimento interno da Casa só permite o funcionamento simultâneo de cinco comissões.
Diante do impedimento, a oposição protocolou um pedido de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que envolve deputados e senadores. O pedido depende da autorização do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP).
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