Depois de sete anos de impasse, a holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, formalizou um acordo para readquirir a participação da Paper Excellence, do empresário Jackson Wijaya, na Eldorado Celulose. A expectativa é que a operação seja concluída até o fim desta semana, segundo informações antecipadas pelo jornal O Globo.
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Fontes próximas à negociação relataram que as tratativas ocorreram exclusivamente entre advogados, sem que os acionistas se reunissem novamente. Representantes de Wijaya conseguiram definir um valor considerado satisfatório, estimado em mais de US$ 2,5 bilhões.
A origem do conflito entre a J&F e a Paper Excellence
Analistas do setor avaliam que esse montante equivale a dez vezes o Ebitda da Eldorado Celulose. O Ebtda é um indicador que reflete a geração de caixa da empresa.
O processo de venda da companhia teve início em setembro de 2017, quando a transação foi anunciada por R$ 15 bilhões, incluindo dívidas.
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No começo do negócio, o grupo de Jackson Wijaya adquiriu 49,41% das ações da Eldorado, ao pagar quase R$ 4 bilhões, equivalentes a cerca de US$ 1,25 bilhão (na ocasião). O valor remanescente foi depositado em uma conta judicial para ser utilizado ao concluir a operação, o que não ocorreu.
Em 2018, começaram as disputas judiciais por causa da falta de consenso sobre a transferência da parcela restante. Pessoas ligadas ao processo afirmam que Wijaya segue analisando oportunidades no setor para manter o Brasil no radar — apesar das divergências enfrentadas.
As batalhas judiciais
- O litígio entre a J&F e a Paper Excellence envolveu uma série de processos judiciais e arbitragens sobre o controle da Eldorado, além de discussões sobre a permissão de compra de terras brasileiras por estrangeiros.
- A cronologia do conflito inclui a conclusão da primeira etapa da venda, em setembro de 2017, com avaliação da Eldorado em R$ 15 bilhões. Há também a desistência do financiamento do China Development Bank, em junho de 2018, o que deteriorou as relações. Até agosto de 2018, a Paper Excellence buscou liminar para concluir a compra, mas só obteve decisão parcial na Justiça em setembro. Isso levou o caso à arbitragem.
- Em abril de 2019, Cláudio Cotrim, diretor-presidente da Paper Excellence no Brasil, acusou a família Batista de exigir R$ 6 bilhões a mais pelo contrato.
- Em maio de 2020, a J&F foi condenada por litigância de má-fé, em ação movida contra Cotrim. A Justiça não acatou o pedido de indenização por danos morais. Em fevereiro de 2021, a Paper Excellence venceu a arbitragem por três votos a zero.
- Em março e julho de 2021, decisões judiciais suspenderam e liberaram a transferência de controle da Eldorado, mas a disputa prosseguiu com novas decisões em favor e contra as partes. Em julho de 2022, uma decisão judicial determinou que a Paper assumisse o controle da empresa. Contudo, em julho de 2023, o TRF4 suspendeu a aquisição de imóveis rurais até apresentação de autorizações do Incra e do Congresso Nacional.
O acordo
Em novembro de 2024, Cotrim declarou ao jornal Folha de S.Paulo que não tinha interesse na posse de terras, ao informar que a Paper assumiria compromisso de vender os cerca de 15 mil hectares em posse da Eldorado depois do controle. Em janeiro de 2025, a Paper Excellence recorreu à arbitragem internacional em Paris, solicitando indenização de US$ 3 bilhões da J&F.
Em março de 2025, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que a disputa pelo controle voltasse à primeira instância. Isso resultou na anulação da sentença anterior, que previa a transferência das ações da Eldorado à Paper Excellence. Em maio, foi selado o acordo para a recompra da participação da Paper Excellence pela J&F.

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