Aumento no número de deputados enfrenta resistência no Senado

Apesar de aprovada pela maioria na Câmara dos Deputados, a proposta que eleva o número de parlamentares de 513 para 531 deve encontrar forte resistência no Senado, onde ainda não tem data para votação. Senadores tanto da oposição quanto da base governista têm criticado a iniciativa e prometem, inclusive, trabalhar por uma redução no número de cadeiras.

Ao menos 13 dos 81 senadores já se manifestaram publicamente contra o projeto, segundo a apuração do jornal Gazeta do Povo. As críticas não partem apenas da oposição: parlamentares da base do governo também rejeitam a proposta articulada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que visa impedir que Estados percam vagas em função de mudanças populacionais.

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Para o senador Eduardo Girão (Novo-CE), o aumento representa um “tapa na cara da sociedade” e um “presente de grego”. Ele defendeu mobilização popular contra o projeto, declarou voto contrário e sugeriu que o número de deputados seja reduzido para 300.  “Votarei contra, trabalharei contra; e, com a graça de Deus, a gente vai evitar mais esse prejuízo para o Brasil.”


O senador Izalci Lucas (PL-DF) também defendeu a redução e anunciou que apresentará emenda para limitar o número de deputados aos 396 assentos disponíveis no plenário da Câmara.

Outros senadores, como Marcos Rogério (PL-RO), argumentam que a solução adequada seria apenas redistribuir as cadeiras existentes entre os Estados, sem aumento de parlamentares. Na mesma linha, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) destacou a falta de consenso e previu resistência à proposta no Senado.

Senadores de esquerda, como Chico Rodrigues (PSB-RR) e Fabiano Contarato (PT-ES), também se opõem ao aumento. “Recepcionaremos esse projeto e, com certeza, não será aprovado aqui no Senado”, afirmou Rodrigues.

TSE publica no Twitter/X
Sede do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília | Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

Mais de 10 senadores são contra aumento do número de deputados

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Congresso tem até junho para revisar a proporcionalidade entre o número de deputados e a população dos Estados. Caso isso não ocorra, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fazer os ajustes.

Na Câmara, a proposta foi aprovada com rapidez: em cerca de quatro horas, foram votados o requerimento de urgência e o mérito. Tentativas da oposição de barrar a votação por meio de requerimentos e questões de ordem não surtiram efeito. A proposta não passou pelas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça, estabelecidas pelo regimento.

A deputada Caroline de Toni (PL-SC), líder da minoria, criticou a aceleração da votação promovida por Hugo Motta. “Se tivesse aguardado um dia, o resultado seria outro”, afirma.


Durante a votação, deputados também alertaram para os custos do aumento. “É inadmissível. Este é um país que não consegue avançar em pautas importantes, mas aprova quase R$ 50 milhões a mais por ano com mais deputados”, afirmou o líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS). Ele diz já ter começado a pressão sobre os senadores para que a proposta não seja aprovada. 

Hugo Motta, por sua vez, garantiu que o custo estimado de R$ 60 milhões por ano será absorvido pelo orçamento da Câmara, a partir de 2027, sem necessidade de recursos extras. “Nós vamos adequar isso e também há a perspectiva de outras receitas, a exemplo de venda da folha, uma série de coisas para suprir esse futuro gasto que só ocorrerá a partir de 2027.”

Veja a lista dos senadores que já se manifestaram publicamente contrários à proposta:

  • Luiz Carlos Heinze (PP-RS);
  • Izalci Lucas (PL-DF);
  • Marcos Pontes (PL-SP);
  • Plínio Valério (PSDB-AM);
  • Marcos Rogério (PL-RO);
  • Cleitinho (PL-MG);
  • Márcio Bittar (União-AC);
  • Eduardo Girão (Novo-CE);
  • Chico Rodrigues (PSB-RR);
  • Alessandro Vieira (MDB-SE);
  • Fabiano Contarato (PT-ES);
  • Mecias de Jesus (Republicanos-RR);
  • Otto Alencar (PSD-BA).

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