Da ficção científica ao açougue: Brasil entra na era do gado ‘editado’ em laboratório

Quando limpa a peça de carne, o açougueiro a fatia para retirar as partes menos desejáveis. É uma estratégia simples, mas poderosa: adaptar o corte ao gosto do cliente para torná-lo mais vendável. A edição genética segue o mesmo princípio: corta trechos dos genes para adequar os animais ao mercado. Recentemente, o Brasil conseguiu dar esse salto entre a ficção e o comum.

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Cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) editaram os genes de cinco bezerros da raça Angus. Os bezerros nasceram em abril. Ao menos dois deles, os resultados desejados foram alcançados — a edição genética funcionou.

As primeiras mudanças, entretanto, não criaram bichos com mais carne — nem mesmo com sabor diferente. Em vez disso, os pesquisadores da Embrapa focaram em algo mais simples: no primeiro ato, os cientistas reduziram os pelos dos animais — mas não se trata de estética.

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Por trás da medida, há algo tão trivial quanto vantajoso em um país tropical como o Brasil: perder pelos significa sofrer menos com o calor — uma grande vantagem para o bem-estar animal.

Com essa adaptação, o gado tende a ter mais conforto e a se tornar mais produtivo. Além disso, há outra vantagem: animais mais resilientes ao calor comum na maior parte do território brasileiro.

Edição genética para o dono da boiada

Trata-se de uma mudança pensada para atrair mais criadores. Um gado resistente ao calor pode despertar o interesse de pecuaristas em regiões onde antes seria inviável realizar a engorda — e as possibilidades não param por aí.

Bezerros editados com Luiz Sérgio Camargo, pesquisador da Embrapa responsável pelo projeto | Foto: Rubens Neiva/Embrapa

Com a edição genética, é possível inserir e ressaltar características diretamente no embrião, em vez de esperar gerações de cruzamento. Desse modo, há esperança de surgir a verdadeira picanha com muito mais que um quilo — será?

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