Zambelli critica condenação e diz que não sobreviveria na cadeia

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se manifestou publicamente nesta quinta-feira, 15, depois de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão em regime fechado e à perda do mandato.

Durante entrevista coletiva, Zambelli criticou duramente o processo e declarou que ainda irá recorrer da decisão. A parlamentar reafirmou sua inocência e pediu apoio da Câmara dos Deputados, ao citar a representatividade de “quase um milhão de votos”.

“Em nenhum momento vamos esquecer os quase um milhão de votos que tivemos, os eleitores que estão conosco”, declarou, ao lado de assessores e de seu advogado, Daniel Bialski. Para ela, o momento é de resistência: “Esse não é um momento triste pra mim, é um momento de esperança, é um momento de fé”.

Zambelli foi condenada por crimes relacionados à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por falsidade ideológica. O processo também envolveu o hacker Walter Delgatti Neto, sentenciado a oito anos e três meses de prisão. Ambos foram condenados a pagar R$ 2 milhões por danos morais e materiais coletivos e se tornaram inelegíveis por oito anos.

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Durante a coletiva, a deputada afirmou que apresentou recursos e disse ter recebido sinal de que um pedido de suspensão da pena será pautado na Câmara. “O processo ainda não acabou, ainda há vários recursos que podem ser feitos”, disse.

“Se acontecer de ter a prisão, vou me apresentar”, afirmou Zambelli, que sofre de condições médicas que exigem atenção especial. “Mas não me vejo capaz de ser cuidada da maneira como eu devo ser cuidada.”

Ela disse sofrer de depressão, síndrome da taquicardia postural ortostática, que provoca tontura e aumento da frequência cardíaca quando alguém se levanta, e síndrome de Ehlers-Danlos, que causa hipermobilidade nas articulações.

“Eles [médicos] são unânimes em afirmar que eu não sobreviveria na cadeia”, disse Zambelli. Um de seus assessores chegou com uma caixa com uma série de medicamentos e entregou em suas mãos, para que os exibisse às câmeras.

Zambelli: Delgatti entrou no sistema do CNJ por ‘vaidade’

Sobre Delgatti, Zambelli afirmou que ele prestou “seis depoimentos, tanto na Polícia Federal, quanto na CPI, quanto depois, durante o julgamento”, e que apresentou “versões diferentes” em cada um. “A própria PF, quando esteve na casa dele, nomeia ele como mitômano, ou seja, uma pessoa que mente e que inventa histórias”, completou.

Ela também contestou a alegação de que teria oferecido contrapartidas financeiras ao hacker. “A PF provou que ele não recebeu um real meu”, afirmou. Sobre o episódio em que teria intermediado atendimento médico para Delgatti, Zambelli disse que o fez em situação de urgência e que o tratamento foi gratuito numa Santa Casa.

Ao comentar os motivos que teriam levado Delgatti a envolvê-la no caso, Zambelli disse que “ele entrou no CNJ por vaidade”, afirmou, ao sustentar que as acusações não têm fundamento. “A invasão ao CNJ foi feita da cabeça dele”.

A parlamentar também buscou afastar o ex-presidente Jair Bolsonaro da situação: “Bolsonaro não tem nenhuma relação com esse caso”, frisou a deputada. “Até porque eu não tenho nenhuma relação com esse caso.”

Bialski também falou à imprensa e criticou o formato do julgamento. “É absolutamente inaceitável […] que o julgamento tenha sido procedido de forma virtual, ou seja, sem o advogado estar presente, e na presença dos ministros”, argumentou. “Isso é um cerceamento de defesa.”

Segundo ele, não há qualquer elemento concreto que vincule Zambelli à criação de alvarás de soltura falsos. “Não tem uma mensagem, não tem uma ligação, não tem um e-mail, não tem nada que diga que ela tenha pedido, que ela tenha mandado, que ela tenha encomendado qualquer tipo de coisa”, afirmou.

Ele também apontou que a primeira invasão ao CNJ por Delgatti teria ocorrido em 2020, antes de ele conhecer Zambelli, e que alvarás falsos produzidos pelo hacker beneficiaram inicialmente parentes dele, sem relação com a parlamentar. “O laudo da Polícia Federal comprova que em 2020, quando ele não conhecia a Carla […] ele já tinha invadido o sistema.”

Zambelli encerrou sua fala com uma provocação à imprensa. “Vou fazer um desafio para vocês […] joguem isso no ChatGPT e perguntem assim para o chat: ‘aponte por favor se há incongruências e por que a Carla [foi condenada]‘”.

A defesa informou que pretende recorrer da decisão e aguarda os desdobramentos do julgamento, que permanece em curso no plenário virtual do STF até esta sexta-feira, 16. A efetivação da pena só ocorrerá depois do trânsito em julgado. Enquanto isso, Zambelli pede que a Câmara analise a suspensão da pena.

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