Em meio à continuidade dos confrontos entre Rússia e Ucrânia, representantes dos dois países realizaram uma negociação nesta sexta-feira, 16, em Istambul, na Turquia. Este foi o primeiro encontro presencial desde o início da guerra.
Durante as negociações, ambos os lados concordaram em repatriar mil detidos de nacionalidade inimiga, conforme confirmado pelo ministro da Defesa ucraniano e pelo governo russo.
Apesar das tratativas avançarem nesse ponto, as delegações não conseguiram firmar entendimento sobre um cessar-fogo. A Ucrânia manteve a exigência de um “cessar-fogo incondicional”, mas a Rússia se mostrou irredutível.
Negociação entre Rússia e Ucrânia não teve a presença dos presidentes

O encontro foi marcado pelas ausências dos presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia. Zelensky autorizou sua equipe a tomar decisões em seu nome e reforçou o apelo por um cessar-fogo imediato. Depois da reunião, declarou que o país “está pronto para um rápido cessar-fogo”.
Houve críticas ao nível da delegação russa, liderada por Vladimir Medinski — conselheiro de Putin e ex-ministro da Cultura, visto como uma figura de pouca influência no governo russo. Zelensky afirmou que a comitiva adversária “era de nível muito baixo” e que “nenhum deles tomava decisões na Rússia”.
Inicialmente previstas para quinta-feira, 15, as conversas foram adiadas devido às incertezas sobre a presença dos chefes de Estado. A delegação ucraniana foi formada pelo chefe do gabinete presidencial, Andriy Iermak, e pelos ministros da Defesa e das Relações Exteriores, enquanto Medinski conduziu a equipe russa.
A mediação ficou a cargo do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, e o encontro contou ainda com a participação de Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA; Tom Barrack, embaixador americano em Ancara; e Keith Kellogg, enviado especial para a Ucrânia.
Antes das conversas, Iermak reiterou que o cessar-fogo era a prioridade de Kiev. Já Marco Rubio admitiu expectativas baixas, classificando a delegação russa como “abaixo do nível esperado”. Medinski, por sua vez, defendeu a retomada das negociações iniciadas em 2022, mas não detalhou os possíveis próximos passos.
Exigências do Kremlin e reações internacionais
O Kremlin manteve as exigências para encerrar o conflito: a Ucrânia deve desistir de ingressar na Otan, reconhecer a soberania russa sobre quatro regiões ocupadas — incluindo a Crimeia — e suspender o recebimento de armas ocidentais.
Durante o encontro, Zelensky, recebido pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, reiterou a disposição de dialogar diretamente com Putin e criticou a ausência do líder russo, classificando-a como um gesto de desrespeito.
Na Europa, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer afirmou, durante a cúpula da Comunidade Política Europeia, na Albânia, que Putin “deve pagar o preço por sua recusa em buscar a paz”, segundo a fonte da matéria.
A diplomacia europeia e Kiev continuam insistindo em um cessar-fogo como pré-condição para negociações. Moscou rejeita a proposta, alegando que uma trégua daria tempo para a Ucrânia se rearmar com apoio do Ocidente.
Enquanto as negociações avançavam, os combates se intensificaram na fronteira. No leste do país, Moscou anunciou a captura de duas cidades em Donetsk e declarou controlar cerca de 20% do território ucraniano.
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