Em editorial publicado neste sábado, o jornal O Estado de S. Paulo manifestou profunda preocupação com a gravidade e a extensão do escândalo que revelou o desvio de, no mínimo, R$ 6 bilhões das aposentadorias e pensões do INSS.
O veículo ressaltou que a operação Sem Desconto escancarou as falhas estruturais do sistema previdenciário, que se mostrou vulnerável a fraudes massivas e prolongadas, afetando mais de um milhão de beneficiários.
Segundo o editorial, a maioria das vítimas sequer tinha conhecimento dos descontos ilegítimos realizados em seus benefícios, o que revela uma ausência flagrante de transparência e mecanismos eficazes de controle por parte do governo.
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“Já passa de 1 milhão o número de beneficiários que contestaram o desconto de contribuições associativas e sindicais em folha de pagamento desde quando o INSS abriu o canal de comunicação no aplicativo da autarquia”, disse o Estadão.
O jornal criticou a atuação lenta e insuficiente da atual gestão federal, e apontou que o governo Lula ainda não apresentou soluções concretas para caso do INSS
O jornal criticou a atuação lenta e insuficiente da atual gestão federal, e apontou que o governo Lula ainda não apresentou soluções concretas e ágeis para reparar os danos e garantir o ressarcimento às vítimas, muitas das quais enfrentam dificuldades para acessar canais digitais de reclamação.
“Ao menos até agora, o governo Lula da Silva não deu mostras de que conseguirá arquitetar uma solução que atenda a todos os lesados no menor tempo possível, como seria razoável para uma situação indefensável como esta”, destacou o texto. “Para boa parte das vítimas, fazer uma reclamação por meio de um aplicativo digital é algo pouco amigável e até mesmo inacessível.”
O editorial também enfatizou a demora de nove dias para a demissão do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, apesar das evidências claras de negligência. Além disso, a nomeação de seu sucessor, Wolney Queiroz, considerado aliado do ex-ministro e responsável por emenda que facilitou a perpetuação dos descontos fraudulentos, reforça a percepção de pouca disposição política para mudanças profundas.
“Ao nomear como substituto Wolney Queiroz, braço direito de Lupi, Lula trocou seis por meia dúzia”, diz o Estadão. “O novo ministro, por óbvio, culpa o governo Bolsonaro pela proliferação de associações fraudulentas. Providencialmente, Queiroz parece ter esquecido que ele próprio, como deputado, em 2021, foi coautor da emenda que adiou a exigência de revalidação anual dos descontos em folha.”
O Estado de S. Paulo defendeu a instalação urgente de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar todas as responsabilidades e omissões que permitiram o prolongamento do esquema, e ressaltou que o governo tenta impedir ou controlar essa investigação para restringir seu alcance e atribuir exclusivamente ao governo anterior a responsabilidade pelo problema.
O editorial conclui que, sem a adoção de controles rigorosos e transparência total no INSS, casos como esse poderão se repetir, tornando-se mais um escândalo sem desfecho e sem punições efetivas. Para o jornal, “a sociedade merece respostas rápidas e contundentes, e o Brasil não pode tolerar que o sistema previdenciário seja vítima da negligência e da corrupção.”
O post Vítimas de fraude no INSS vivem ‘calvário’, diz Estadão apareceu primeiro em Revista Oeste.