O general da reserva Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desmentiu nesta quinta-feira, 22, a principal narrativa sustentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro: a existência de um plano militar para impedir a posse do petista por meio de um golpe de Estado.
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Durante o depoimento prestado ao próprio STF, Arruda afirmou que não recebeu — nem discutiu — qualquer proposta de ruptura institucional.
O general foi ouvido como testemunha no inquérito que investiga o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, conduziu a audiência.
O general relatou que o encontro com o também general Mário Fernandes ocorreu antes da posse de Lula, mas negou qualquer conversa sobre golpe. “Ele esteve lá para conversar comigo no dia 28”, afirmou Arruda.
Em seguida, ao ser questionado diretamente se discutiram de algum plano para impedir a posse de Lula, o militar respondeu: “Não, senhor.”
21 dias no cargo
Arruda ficou apenas 21 dias no cargo. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que a demissão ocorreu por quebra de confiança entre o general e o governo.
A saída foi motivada principalmente pela resistência do comando do Exército em permitir a prisão de manifestantes no acampamento em frente ao Quartel-General em Brasília, na noite da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro.
Durante a oitiva, Arruda também negou ter impedido a entrada da Polícia Militar no acampamento naquela noite. Segundo ele, sua missão era “acalmar” e coordenar a operação com outras autoridades.
PM e Exército
O ministro Alexandre de Moraes citou o depoimento do ex-chefe da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira. Segundo Moraes, Vieira relatou que Arruda teria dito, com o dedo em riste: “O senhor sabe que a minha tropa é um pouco maior que a sua, né?”
Arruda respondeu que havia um clima de nervosismo durante a reunião e disse não lembrar da frase.
Outro fator que pesou para a demissão foi a resistência de Arruda em exonerar o tenente-coronel Mauro Cid, que havia sido nomeado para chefiar o 1º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia. Pressionado, o general manteve a nomeação. Disse que Cid já havia sido designado para o posto com quase um ano de antecedência.

A audiência durou pouco mais de uma hora. As testemunhas chamadas pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid eram ex-companheiros de formação militar e servidores da ajudância de ordens da Presidência da República. Nenhum deles confirmou a existência de plano golpista. Todos elogiaram o comportamento “profissional” de Cid e afirmaram que ele evitava conversas políticas.
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