O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) determinou, nesta quinta-feira, 22, que a Universidade de Harvard está proibida de matricular novos estudantes internacionais e deve suspender o vínculo com os que já estão matriculados.
A decisão foi comunicada por meio de uma carta enviada à reitoria da universidade. Porém, nesta sexta-feira, 23, a medida foi suspensa temporariamente por ordem judicial, depois de Harvard contestar a ação federal.
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A medida afetaria imediatamente os cerca de 7 mil estudantes estrangeiros da universidade, que representam aproximadamente 27% do corpo discente. De acordo com o DHS, a revogação da certificação estaria ligada a supostas condutas da universidade que violariam valores institucionais.
“Esta administração está responsabilizando Harvard por fomentar violência, antissemitismo e por coordenar com o Partido Comunista Chinês em seu campus”, declarou a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.
Harvard responde à decisão
Em nota oficial, Harvard repudiou a decisão e classificou-a como ilegal. “Esta ação retaliatória ameaça causar sérios danos à comunidade de Harvard e ao nosso país, além de minar a missão acadêmica e de pesquisa da universidade”, afirmou a instituição.
A universidade também destacou a importância da presença internacional em seu campus. “Estamos totalmente comprometidos em manter a capacidade de Harvard de receber estudantes e acadêmicos internacionais, oriundos de mais de 140 países, que enriquecem imensamente a Universidade — e esta nação.”
A repercussão entre os alunos estrangeiros foi marcada por incerteza e preocupação. À rede norte-americana NPR, uma estudante de graduação canadense afirmou: “Estou prestes a me formar em exatamente uma semana e estou definitivamente bastante nervosa.”

Ela acrescentou que a medida “fez os estudantes internacionais se sentirem como estrangeiros em Harvard, quando na verdade é o contrário: nós trazemos perspectivas culturais e contribuições de pesquisa que fortalecem a universidade”, argumentou.
Outro aluno, do terceiro ano, vindo da Europa, também sob anonimato, relatou apreensão em relação ao futuro. “Muitos de nós, inclusive eu, temos estágios e empregos aqui nos EUA durante o verão, e nenhum de nós realmente sabe como isso será afetado”, disse.
Mais de 1,1 milhão de estudantes internacionais estavam matriculados em instituições de ensino superior nos EUA no ano letivo de 2023-2024. Segundo a Associação de Educadores Internacionais (NAFSA), esses estudantes contribuíram com mais de US$ 43 bilhões para a economia norte-americana no período.
Justiça concede liminar contra decisão de Trump
Nesta sexta-feira, 23, a universidade entrou com uma ação judicial para contestar a revogação. A Justiça federal acatou o pedido de forma liminar e bloqueou temporariamente os efeitos da medida. A juíza Allison Burroughs considerou a urgência da situação e determinou a suspensão até nova avaliação.
Na petição, Harvard argumenta que a decisão do governo é uma retaliação à postura da universidade em não ceder às exigências políticas da administração. Segundo o texto, a medida constitui uma “violação flagrante da Primeira Emenda” da Constituição dos EUA, que garante a liberdade de expressão.
Especialistas do setor educacional também comentaram o episódio. Shaun Carver, diretor executivo da International House da Universidade da Califórnia, afirmou à NPR: “Não saber se você terá 25% dos seus estudantes é algo que [Harvard] não pode deixar para resolver mais tarde, no verão.”
Segundo ele, o caso levanta dúvidas entre os estudantes estrangeiros sobre se os EUA ainda são um local seguro e acolhedor para estudar. “Já estamos vendo menos candidaturas internacionais este ano”, observou.
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