O Partido dos Trabalhadores (PT) impediu a candidatura da turismóloga Dani Nunes à presidência nacional da legenda. Transexual, negra e moradora da zona oeste do Rio de Janeiro, Dani Nunes acusa o partido de cometer “violência política de gênero e de raça”.
O indeferimento ocorreu na quarta-feira 21. O regulamento eleitoral do PT exige ao menos cinco assinaturas de integrantes do Diretório Nacional para validar uma candidatura. Dani conseguiu o número necessário, mas uma das assinaturas foi retirada depois do registro. A comissão organizadora considerou a retirada válida e anulou a candidatura.
Dani recorreu. Argumenta que não há previsão no regulamento para remoção de apoios depois do prazo oficial. Segundo ela, a decisão fere o princípio da boa-fé e ignora a luta das bases sociais que dizem representar o PT.
“Fui surpreendida depois de vibrar de alegria. Meu chão ruiu”, disse a integrante da legenda. “Não esperava que a atitude individual de uma pessoa poderia comprometer todo um histórico de luta tanto meu, enquanto mulher trans negra, quanto do partido que leva o nome da classe que faz este país acontecer: trabalhadoras e trabalhadores.”
Racismo
Dani Nunes comparou o caso dela com o episódio envolvendo a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Vera Lúcia, impedida de acessar um evento da Presidência da República no qual seria palestrante. Ela contou que servidores administrativos duvidaram de sua condição de magistrada. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia classificou o episódio como “racismo”.
“Me vi igual a ela no plenário, triste e com o olhar longe”, disse. “Tive a sorte de contar com negros, indígenas, LGBTQIAs e antirracistas que me apoiaram.”
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A corrente interna Raízes do PT, à qual Dani pertence, divulgou nota na sexta-feira 23. O grupo classificou a decisão como “arbitrária e injusta” e reforçou a acusação de “violência política de gênero e raça”. Também criticou o fato de a eleição prosseguir com “quatro homens brancos na disputa”.
Em nota oficial, o PT sustentou que Dani Nunes “não cumpriu as regras estabelecidas no Regulamento do Processo de Eleição Direta (PED) 2025 no que diz respeito a apoios”. A eleição está marcada para 6 de julho. Estão mantidas na disputa as candidaturas de Edinho Silva, Valter Pomar, Romênio Pereira e Rui Falcão.
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