Agricultores do RS pressionam governo Lula por renegociação de dívidas

Mobilizações de agricultores no Rio Grande do Sul ganharam força nas últimas semanas, com manifestações que pressionam o governo Luiz Inácio Lula da Silva por renegociação dos prazos de pagamento das dívidas junto à União.


Agricultores prometem ampliar os protestos e planejam uma paralisação para a sexta-feira, 30, bloqueando rodovias com tratores e faixas exigindo “Securitização Já!”. Um protesto também foi registrado no sábado 24.

A securitização é uma medida que transforma dívidas em títulos garantidos pelo Tesouro, com condições especiais de liquidação.

As restrições de acesso a crédito, como o Plano Safra, preocupam os trabalhadores rurais, que relatam dificuldades depois de quatro estiagens severas e uma enchente que prejudicaram o plantio nos últimos anos.


Carlos Seeger, produtor rural, afirmou em vídeo no sábado 24 que os protestos seguem de modo pacífico, mas sem resposta do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a prorrogação dos prazos.

“Pelo jeito, não está tocando o coração dos nossos governantes lá”, relatou. “A coisa, acho, que vai ter que ser um pouquinho mais radical. […] Acho que vão ter que começar a trancar, começar a ver o que o pessoal vai fazer. Ficaram de dar um canetaço lá e, até agora, nada.”

Entidades do agronegócio gaúcho cobram respostas de Lula

O ministro Fávaro e o presidente Lula: risco de atrito com o ministro do STF Flávio Dino | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro Carlos Fávaro e o presidente Lula | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As federações do setor agropecuário, como Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul e Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, realizaram manifestações na terça-feira 20, cobrando respostas rápidas de Lula sobre a prorrogação das dívidas, fortalecimento do Proagro e adoção de medidas emergenciais diante dos prejuízos causados por eventos climáticos extremos.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou na terça-feira 20, que o texto para a prorrogação das dívidas foi elaborado e que a ministra Simone Tebet finaliza o planejamento para apresentar a medida ao CMN.

“A ministra Simone Tebet está finalizando com a equipe dela a parte do planejamento para já ter nesse CMN a prorrogação das dívidas e aí entramos na fase de discutirmos medidas estruturais”, disse Fávaro, ao Globo Rural.

De acordo com o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), a frustração entre os produtores aumentou depois que o CMN não tomou decisão na reunião de quinta-feira, 22. O colegiado reúne os ministros Fernando Haddad, Simone Tebet e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

O deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS) relatou que as negociações com o governo Lula já duram 60 dias. Segundo Schuch, ajustes no Proagro foram debatidos no Banco Central para evitar a exclusão de mais de 34 mil produtores prejudicados por sucessivas secas.

O parlamentar aguarda votação do CMN para que produtores não sejam excluídos do próximo Plano Safra e busca soluções para as dívidas do Pronaf e Pronamp.

Impactos econômicos e propostas legislativas

Heinze alertou que o bloqueio de R$ 31 bilhões no Orçamento de 2025 pode travar acordos e comprometer os ministérios. Ele diz negociar alternativas com os ministros Carlos Fávaro, Fernando Haddad e Paulo Teixeira há dois meses.

“Tivemos quatro secas fortes e uma enchente nos últimos seis anos. Os produtores perderam cerca de R$ 150 bilhões e não têm como pagar no curto prazo”, afirmou.

Um projeto de lei de Heinze propõe a renegociação de dívidas de agricultores afetados por eventos climáticos desde 2021. A proposta passou na Comissão de Agricultura e aguarda relator na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Durante conversas com Haddad, Heinze defendeu o adiamento dos pagamentos até a adoção da securitização.

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