Em 8 de junho de 1925, o futebol passou por uma de suas mudanças mais significativas. Neste domingo, 8, se completam 100 anos desde a reunião anual da Football Association, que aprovou a alteração na regra do impedimento.
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A partir de então, bastaria que dois defensores estivessem entre o atacante e o gol no momento do passe para que ele estivesse em posição legal. A nova diretriz foi incorporada oficialmente às Leis do Jogo pela International Football Association Board (IFAB).
Antes, a regra exigia a presença de três defensores entre o atacante e o gol, o que favorecia sistemas defensivos rígidos e resultava em um número cada vez menor de gols. O estilo de jogo era travado. O público nos estádios se queixava da falta de emoção nas partidas.
Para testar possíveis soluções, a IFAB organizou um jogo experimental em 30 de março de 1925, no estádio de Highbury, em Londres. Foram avaliadas duas propostas: a primeira reduzia o número de defensores necessários para validar a posição legal do atacante; a segunda propunha a criação de uma linha imaginária a 40 jardas do gol, além da qual não haveria impedimento. A primeira proposta foi escolhida por sua simplicidade e eficácia imediata.
O impacto da mudança foi perceptível já na temporada seguinte. A média de gols por jogo na liga inglesa saltou de 2,58 para 3,69, o que alterou o comportamento das equipes em campo e exigiu novas respostas táticas.
O técnico Herbert Chapman, do Arsenal, desenvolveu o sistema WM (3-2-2-3), reorganizando o time para aproveitar os espaços criados pela nova interpretação da regra. A formação se espalhou pela Europa e influenciou diversas gerações de treinadores.
No Brasil, a mudança também teve consequências práticas. Em 1951, o técnico Martim Francisco, do América-MG, criou a figura do quarto-zagueiro como resposta à vulnerabilidade defensiva deixada pelo sistema WM. A adaptação foi incorporada às escolas táticas sul-americanas e se tornou base para outras formações nas décadas seguintes.
A mudança ocorreu porque, naqueles tempos, a técnica do centro-médio brasileiro era muito apurada para ele se tornar zagueiro. Antes Houve um período de transição, no país, antes do surgimento do quarto zagueiro.
Novos sistemas no futebol com a regra do impedimento
O professor de Educação Física, Eduardo Christmann Cardoso da Silva conta durante excursões à Argentina em 1941, Flávio Costa (Flamengo) e Ondino Vieira (Fluminense) observaram o avanço tático dos rivais. Suas equipes foram derrotadas com facilidade. Em resposta, recuaram um dos meias laterais para formar um terceiro zagueiro. Desta maneira, foi criado o chamado sistema diagonal, também apelidado de WM torto.
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Flávio Costa recuou Juscelino, meia-direita, criando a diagonal pela direita. Ondino Vieira recuou Affonso, meia-esquerda, criando a diagonal pela esquerda. Foi o prenúncio da mudança depois concretizada por Martim. Com o surgimento do quarto-zagueiro, no futebol brasileiro passou a prevalecer o sistema 4-2-4 com dois zagueiros centrais, dois laterais, dois meio-campistas e quatro atacantes.
Até então, prevalecia o WM, como ocorreu nas Copas de 1930, 1934 e 1938. Somente nesta última o Brasil começou a mostrar sua real força e ficou na terceira colocação, com os craques Leônidas da Silva, Romeu, Tim e Perácio, entre outros.
Mas a figura do quarto zagueiro se efetivou mesmo na Copa do Mundo de 1958. O técnico Vicente Feola, inspirado no húngaro Béla Guttmman, que com ele trabalhou no São Paulo, finalmente formalizou o recuo de um jogador para a posição, ao escalar Orlando Peçanha ao lado do zagueiro central, forte na marcação, Bellini. Coincidência ou não, a equipe se tornou mais equilibrada e, com a genialidade de Pelé e Garrincha, se sagrou campeã mundial.
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