Gripe aviária ‘congela’ 60 milhões kg de carne no Brasil

O Brasil tem uma montanha de alimentos empacada — enquanto o mundo precisa comer. O motivo: um único foco de gripe aviária em todo o país.

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A descoberta da contaminação ocorreu em meados de maio, no interior do Rio Grande do Sul. Desde então, 61 mil toneladas de carne de aves deixaram de ser enviadas ao mercado externo, conforme mostram os números oficiais.

Em maio de 2024, o Brasil enviou 425 mil toneladas de carne de aves para o mercado externo. Naquele momento, nada da gripe aviária em nenhuma granja comercial brasileira, embora algumas contaminações tenham ocorrido em animais selvagens e em criações de subsistência.

Gripe aviária na indústria?

A doença apareceu em um rebanho comercial em 15 de junho de 2025. Os animais, porém, não eram de corte — ou seja, nada de frangos em processo de engorda para os frigoríficos. No lugar, aves reprodutoras. Desse modo, a doença continuou longe da indústria nacional de alimentos, ao menos das linhas que produzem comida.

Ainda assim, as vendas de todo o país para alguns clientes gigantes foram paralisadas. Entre eles, a China — o maior consumidor do produto brasileiro no mercado externo. Resultado: em maio de 2025, o país exportou 360 mil toneladas de carne de aves. Trata-se de uma queda de 13% em relação ao mesmo mês de 2024.

A redução impactou o caixa. O país deixou de faturar US$ 100 milhões, com a receita dos embarques caindo para US$ 650 milhões. É menos dinheiro para o Brasil — e muito menos comida para o mundo.

Carne de aves do Brasil para o mundo

O frango nacional é servido em mesas de todo o planeta. Os clientes envolvem quase 180 destinos internacionais. No topo da lista, além da China — que também possui uma grande produção local — estão nações para as quais os alimentos brasileiros são vitais. Entre elas, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Nos dois países árabes, sobra petróleo e gás natural, mas falta alimento em meio a extensos desertos onde cultivar é quase impossível. Além disso, são nações de origem muçulmana, uma religião com regras alimentares rígidas. O consumo de porco, por exemplo, não é permitido. A alternativa mais barata para a ingestão de proteína animal é a carne das aves — sobretudo, daquela oriunda do Brasil.

Os frigoríficos e os criadores brasileiros conseguem atender às regras muçulmanas integralmente. A expertise nacional é tão forte que atraiu bilhões de dólares em investimento do rei saudita — hoje, um dos maiores sócios da BRF. Contudo, mesmo o comércio para as nações muçulmanas também diminuiu depois da descoberta do foco de gripe aviária.

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