Durante participação no Oeste Sem Filtro desta segunda-feira, 9, o advogado Jeffrey Chiquini classificou como “a maior farsa da história do país” o processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, militares e ex-assessores. A entrevista acompanhou o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF), considerado peça central pela acusação.
Chiquini afirmou que Cid, na condição de réu colaborador, “deixou bem claro que não houve tentativa de golpe”. Segundo ele, esse ponto foi reiterado diversas vezes durante as cinco horas de audiência. “Ele disse que não houve organização criminosa, que não houve mobilização para atentar contra a democracia, que Bolsonaro nunca tratou de golpe com os comandantes militares.”
O advogado sustentou que a fase judicial do processo revelou contradições e lacunas nas provas. “Na fase policial, papel aceita tudo”, declarou. “Agora estamos na fase judicial, de contraditório e oralidade. E nesse momento, Cid, a principal testemunha da acusação, desmonta tudo.”
Chiquini contou que contabilizou pessoalmente as vezes em que Cid alegou desconhecimento ou esquecimento. “Foram mais de 920 vezes que ele disse ‘não sei’ ou ‘não lembro’”, afirmou. “É o primeiro delator da história que se omite dessa forma.”
Durante a entrevista, o advogado mencionou perguntas feitas por ministros do Supremo e por outros advogados durante o depoimento. Citou, por exemplo, questionamento do ministro Luiz Fux sobre vínculos entre os eventos de 8 de janeiro e a suposta trama golpista. “Cid disse que não houve relação alguma”, afirmou.
A ausência da chamada “minuta do golpe” também foi discutida. Segundo Chiquini, que defende o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, o documento citado na denúncia da Procuradoria-Geral da República “não existe no processo”.
Cid nega autoria e envio da minuta
“Hoje o Cid afirmou que não foi ele quem enviou esse arquivo a ninguém, que não sabe de onde veio, e que não era o mesmo documento que estava com Filipe Martins”, afirmou. Para o advogado, “golpe não se dá por decreto. Essa minuta não existe. É uma farsa criada para justificar a perseguição política”.
A condução do interrogatório pelo ministro Alexandre de Moraes foi criticada. Chiquini disse que o formato adotado — com perguntas feitas ao juiz e retransmitidas à testemunha — está em desuso desde 2008. “Essa forma era praticada quando o ministro era promotor de Justiça, até 2002″, afirmou. “Desde então, usamos o sistema de perguntas diretas. Foi um retrocesso.”
A entrevista teve momentos de avaliação política. Segundo o advogado, “o inquérito das vacinas foi a porta de entrada para capturar Cid e construir a trama do golpe”. Em suas palavras, “gastaram milhões de reais, prenderam inocentes, tudo com o objetivo de tornar Bolsonaro inelegível em 2026”.
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Chiquini informou ainda que protocolaria pedido de soltura de seu cliente imediatamente depois do encerramento do depoimento. “Enquanto o Cid falava, eu já estava redigindo a petição”, revelou.
“Se houvesse justiça, todas as prisões preventivas seriam revogadas ao final da audiência”, afirmou o advogado. Para ele, “nem mesmo cogitação de golpe existiu, tudo foi criado para prender opositores e limpar o caminho eleitoral”.
Chiquini encerrou com a afirmação de que “não sobrou nada para a acusação” e que “a tentativa de golpe sem minuta, sem reunião e sem articulação é insustentável”. Ao final, defendeu que o país “retome a realidade” e encerre o processo.
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