Um homem branco, loiro, hétero, cis, rico, entra em um bar. Ele passa a noite tentando seduzir qualquer mulher com seu papo sobre ser um velejador que ama velejar e ama seus amigos que velejam. Ele chama um garçom e, piscando pra mim, manda essa para o jovem que o serve: “pedi o vinho mais caro e deixei um pouco, já pega logo pra você e esconde, antes que algum colega seu pegue”. A garrafa tem bebida pra cerca de meia taça. O garçom esboça uma careta, como se o homem fedesse. Mas o branco, loiro, hétero, cis, rico, de olhos azuis, vê ali um sorriso de agradecimento. Ele tem certeza de que eu também estou sorrindo. Percebo que ele tem certeza de que o bar inteiro está sorrindo para ele. Ele retribui, tímido, a idolatria que acredita merecer apenas por ser branco, loiro, hétero, cis e rico.
Leia mais (06/12/2025 – 19h43)
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