O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teria mentido ao Supremo Tribunal Federal (STF) e desrespeitado ordens do ministro Alexandre de Moraes. A informação é da revista Veja, que teve acesso a mensagens atribuídas ao militar.
Cid firmou acordo de colaboração premiada com a Justiça. Em troca de benefícios, prestou informações à Polícia Federal sobre um suposto plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2022. No início da semana, o STF iniciou o interrogatório dos oito réus acusados de integrar o núcleo central da tentativa de golpe. Cid foi o primeiro a depor.
Durante quase quatro horas, repetiu trechos do que já havia declarado à PF. Em diversos momentos, afirmou “não me lembro” e “não me recordo”. Em algumas respostas, demonstrou hesitação.
Em uma das perguntas feitas pelo advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, Cid negou ter usado redes sociais durante o período de restrição. Disse que todos os seus celulares haviam sido apreendidos. Quando questionado sobre o perfil @gabrielar702, respondeu: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.
Mensagens indicam versão paralela dos fatos
Segundo Veja, o perfil citado teria sido usado por Cid para trocar mensagens com pessoas próximas a Bolsonaro. Os diálogos mostrariam que ele transmitia, paralelamente, uma versão diferente da que forneceu à PF.
A publicação afirma que o militar violou pelo menos duas determinações do STF: não manter contato com outros investigados e não usar redes sociais. As mensagens teriam sido trocadas entre 29 de janeiro e 8 de março de 2024, antes da homologação da delação.
Nos diálogos, Cid relata as dificuldades dos depoimentos e acusa o delegado responsável de tentar manipular suas falas. Diz também que “o STF está todo comprometido” e que “só o Pacheco ou o Lira vai nos salvar”. Em outro trecho, avalia que “os Cel PM vão pegar 30 anos”.
O acordo de delação proíbe mentiras, omissões ou versões contraditórias. A quebra desses termos pode anular os benefícios.
No depoimento ao STF, Cid reafirmou ter presenciado reuniões entre Bolsonaro e militares. Nessas ocasiões, discutiram medidas para impedir a posse de Lula. Disse ainda que o ex-presidente acreditava em fraude nas urnas e relatou que o então comandante da Marinha teria colocado tropas à disposição de Bolsonaro.
O Ministério Público considera que os relatos, somados a documentos e outras provas, indicam uma tentativa de golpe no fim de 2022.
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