A condenação do humorista Leo Lins a mais de oito anos de prisão pela Justiça Federal do Brasil chamou atenção da imprensa internacional.
O Washington Post, um dos principais jornais dos Estados Unidos, destacou que a punição imposta ao comediante é “mais um movimento do Judiciário brasileiro no sentido de regular a liberdade de expressão, especialmente nas plataformas digitais”.
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O jornal lembrou que, nos últimos anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem adotado medidas como o bloqueio de perfis e a remoção de conteúdos on-line de indivíduos acusados de divulgar desinformação.
Na Argentina, o jornal Clarín classificou o caso como uma “decisão controversa, que pode estabelecer precedentes”. Já o espanhol El País descreveu o conteúdo das piadas de Leo Lins como “ofensivo e depreciativo”.
A matéria também mencionou a reação de outros humoristas, como Jonathan Nemer, que defendeu o colega e criticou a postura do Estado brasileiro. “É triste ver um país que leva tão a sério as piadas feitas no palco e ignora os absurdos praticados por políticos na vida real”, disse.
O que motivou a condenação de Leo Lins
A decisão judicial teve como base um vídeo publicado em 2022, extraído do espetáculo “Perturbador”, no qual Leo Lins faz piadas sobre diversos grupos sociais, incluindo negros, idosos, deficientes, indígenas, judeus, nordestinos, homossexuais e portadores de HIV, entre outros.
Na época em que foi retirado do ar por ordem judicial, em agosto de 2023, o vídeo já acumulava mais de 3 milhões de visualizações no YouTube. A Justiça entendeu que a ampla divulgação do material, somada à diversidade de grupos atingidos, agravava a gravidade do caso e justificava o aumento da pena.
A manifestação da defesa de Leo Lins
Em nota divulgada à imprensa, os advogados de Léo Lins afirmaram ter recebido com “profunda surpresa” a decisão judicial. “A sentença que impõe pena de oito anos, três meses e nove dias em regime fechado, além de multa de mais de R$ 300 mil por danos morais coletivos, representa um golpe à liberdade artística e à livre manifestação do pensamento”, diz o comunicado.
A defesa comparou a punição a sanções aplicadas em casos de crimes graves, como tráfico de drogas e corrupção, e anunciou que recorrerá da decisão. “Confiamos na Justiça brasileira e esperamos que essa condenação seja revista em instância superior”, conclui a nota.
O país da piada pronta
Em artigo publicado na Edição 272 da Revista Oeste, o jornalista Eliziário Rocha resume a condenação de Leo Lins.
“No país da piada pronta, conduzido com trágica comicidade por um presidente inimigo do vernáculo e uma primeira-dama especialista em gafes, tudo parece permitido quando se trata de falar besteira”, escreve Rocha. “Menos contar piada. Nesta semana, o comediante Leo Lins foi condenado a oito anos de prisão, mais o pagamento de multa em torno de R$ 1,4 milhão e indenização de R$ 303 mil, por ‘danos morais coletivos’ ao fazer aquilo que um humorista faz: contar piadas.”
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