19 de setembro na História: nasce Paulo Freire, autor de Pedagogia do Oprimido

No dia 19 de setembro de 1921, nascia Paulo Freire, no Recife, Pernambuco. O pedagogo é admirado especialmente por intelectuais e militantes de esquerda.

Graduado em Direito na universidade de sua cidade natal, Paulo Freire não exerceu a advocacia para se dedicar ao desenvolvimento de um programa de alfabetização de adultos em Angicos, no Rio Grande do Norte.

O projeto de Freire foi financiado pelo governo dos Estados Unidos, através da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional, mais conhecida como Aliança para o Progresso.

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Embora a história mais contada diga que Paulo Freire “montou uma equipe para alfabetizar 300 cortadores de cana em 45 dias”, a realidade é que os formandos foram 122 e a maioria deles apenas aprendeu a escrever o nome e mais algumas poucas palavras.

Destes 122, apenas 82 tiveram notas da média ou acima — 27% do número inicial de inscritos. O levantamento é do pesquisador Cícero Moraes, em artigo publicado em fevereiro deste ano.

Em seu artigo, Moraes questiona: “Visto que cada dia era ministrada apenas uma hora de aula e parte dela era tomada por debates, como os alunos teriam tempo e condições para aprender a ler e a escrever?”.

Ainda assim, os resultados chamaram a atenção do então presidente, João Goulart, que elaborou o Plano Nacional de Alfabetização com base no método Paulo Freire. O planejamento não seguiria adiante, em virtude do início do regime militar, em março de 1964.

Enviado para o exílio, Freire trabalhou para a Unesco e visitou países como Chile, Estados Unidos e França. Essa exposição internacional colaborou para que o pernambucano seja hoje o brasileiro mais citado no mundo e tenha recebido 35 títulos de doutor honoris causa.

Para o pedagogo, não deveria existir hierarquia entre professor e aluno, pois acreditava que “não há saber mais ou saber menos: há diferentes saberes”. Dessa forma, o professor não é uma figura de autoridade e não pode ser visto como superior ao aluno.

Em 1974, o autor publicou sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, que detalha o seu método de alfabetização e faz elogios a Fidel Castro e Che Guevara. O livro é o terceiro mais citado do mundo na plataforma acadêmica Google Scholar. 

Ele chegou a dizer, em certa parte do livro: “O que não expressou Guevara, talvez por sua humildade, é que foram exatamente esta humildade e a sua capacidade de amar que possibilitaram a sua ‘comunhão’ com o povo [] Este homem excepcional revelava uma profunda capacidade de amar e comunicar-se”.

Como funciona o método de Paulo Freire?

O método Paulo Freire adota uma abordagem sociocultural, se valendo do cotidiano do aluno para guiar o aprendizado. Um lavrador, por exemplo, deve aprender a ler a partir de palavras como “lavoura” ou “semente”.

Uma imagem do objeto é apresentada ao estudante e associada à palavra. Esta, por sua vez, é dividida em pedaços, que podem ser usadas para outras palavras. O método diverge da abordagem mais comum, que propõe o ensino de letra por letra, sílaba por sílaba, antes das primeiras palavras. 

A segunda etapa do método Paulo Freire é a inclusão da ideologia marxista, baseada na luta de classes. O pedagogo pretendia “despertar a consciência” dos alunos para a “opressão” das relações de trabalho, das injustiças sociais e da riqueza do patrão.

Acusações de plágio

Em seu artigo Método Paulo Freire ou Método Laubach, o historiador David Gueiros Vieira contesta que Freire tenha sido o criador do método de ensino que, hoje, leva seu nome.

O Método Laubach de alfabetização de adultos foi criado pelo missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach durante sua missão religiosa nas Filipinas, em 1915.

O método chegou ao Brasil pelas mãos do próprio missionário, em 1943, convidado pelo governo federal para explicar sua metodologia. Um dos locais onde Laubach apresentou seu método foi Recife, onde Paulo Freire era diretor do Sesi.

A partir desse momento, o brasileiro elaborou cartilhas semelhantes às do norte-americano, adotou a mesma metodologia pedagógica, mas trocando a ética cristã pelo marxismo. Em vez de valorizar a cidadania, a paz, o cristianismo e defender a existência de Deus, este novo material defendia a luta de classes, o ateísmo e a “libertação das massas”.

Fundador do PT

Paulo Freire com Lula | Foto: Divulgação/Partido dos Trabalhadores
Paulo Freire com Lula | Foto: Divulgação/Partido dos Trabalhadores

Em 1979, Freire foi um dos signatários para a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Posteriormente, foi nomeado secretário municipal de Educação na gestão de Luiza Erundina, na Prefeitura de São Paulo.

Nesse período, Freire criou a lei da aprovação automática, que hoje é utilizada em todo o país através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. No dia 2 de maio de 1997, Paulo Freire faleceu em São Paulo, vítima de um ataque cardíaco.

Paulo Freire foi declarado “patrono da educação brasileira” pela Lei 12.612/2012, de autoria da deputada federal Luiza Erundina e sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Na época, o filósofo Olavo de Carvalho declarou:

Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa?

“Viva Paulo Freire!”, Diário do Comércio, 19 de abril de 2012

Leia também: “Paulo Freire e sua pedagogia do oprimido”, artigo de Theodore Dalrymple publicada na Edição 66 da Revista Oeste

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