A Americanas anunciou na última terça-feira, 13, um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões. Em recuperação judicial, a empresa chegou a acumular dívidas de R$ 42,5 bilhões, e viu sua credibilidade ruir. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o CEO da empresa, Leonardo Coelho, revelou que a companhia realizou uma série de reuniões em 2023, e que nesses encontros teve de enfrentar a forte hostilidade dos seus fornecedores.
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Os ataques começaram depois da revelação de uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões. “A gente chegava para uma reunião de uma hora e era xingado por 40 minutos”, afirmou o executivo. “Só nos 20 minutos finais havia negociações. Hoje, a reunião inteira é de negócios”.
O CEO informou que o lucro líquido de R$ 10,3 bilhões foi resultante do plano de recuperação judicial. A operação, contudo, ainda não é lucrativa. Isso porque, segundo Coelho, a fraude contábil é apenas um aspecto da dificuldade crônica de geração de caixa da empresa.
No entanto, o CEO diz que a crise já é vista como “página virada”. O foco agora é restaurar a rentabilidade dos anos 1990, depois de uma reestruturação conduzida pela Galeazzi & Associados.
Desempenho da Americanas no 3º trimestre
No terceiro trimestre de 2024, a Americanas registrou receita líquida de R$ 3,2 bilhões, um aumento de 0,6% em relação ao ano anterior. O varejo físico impulsionou a operação, com vendas brutas nas lojas crescendo 11%, totalizando R$ 3,4 bilhões.
Por outro lado, as vendas digitais caíram 45%, atingindo R$ 658 milhões, devido à retirada de itens de maior valor agregado, como eletrônicos, da comercialização direta.
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Leonardo Coelho destacou que a empresa está fortalecendo sua presença no varejo físico, onde as principais clientes são mulheres das classes B e C. “Essa consumidora continuou comprando e confiando na marca, mesmo depois da enxurrada de notícias negativas”, afirmou. A recuperação da confiança dos fornecedores tem permitido melhores negociações e preços competitivos.
Fechamento de lojas e estratégias de recuperação
A Americanas fechou 10% de suas lojas desde o início da recuperação judicial. “Vamos continuar encerrando as lojas que não apresentem um Ebitda positivo”, declarou Coelho. Isso pode incluir a loja no Shopping Iguatemi, alvo de uma ação de despejo por aluguéis atrasados.
“Ou eu pago ou vou à falência, mas a gente não vai à falência por causa do aluguel do Iguatemi”, garantiu, revelando que as vendas estão abaixo do esperado.
O executivo mencionou a importância de adequar o mix de produtos ao perfil de cada loja. “Não adianta enviar para a loja de Campos do Jordão a mesma quantidade de guarda-sóis que eu vendo na loja de Copacabana”, exemplificou Coelho. Ele planeja personalizar o sortimento por município e loja nos próximos três trimestres e lançar um novo programa de fidelização.
Perspectivas futuras e retorno ao lucro
A diretora financeira Camille Faria afirmou que a Americanas está no caminho certo para retornar ao lucro. No terceiro trimestre, o ganho operacional antes do resultado financeiro foi de R$ 279 milhões, o que reverteu uma perda de R$ 616 milhões no ano anterior.
Já o Ebitda negativo de R$ 250 milhões é uma melhora em relação aos R$ 750 milhões negativos do primeiro semestre, sem datas comerciais fortes como Páscoa e Dia das Mães. “Estamos evoluindo na direção certa”, concluiu Camille.
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O post CEO da Americanas relata hostilidade de fornecedores depois de descoberta de fraude contábil apareceu primeiro em Revista Oeste.