Cidades brasileiras correm o risco de se tornarem ‘narcorregiões’, alerta promotor

O Brasil está prestes a ter que lidar com mais um problema na área de segurança pública: a transformação de metrópoles em “narcorregiões”, ou seja, áreas que a despeito da estrutura do Estado ficam sob controle do crime organizado, sobretudo a parte responsável pelo tráfico de drogas. Esse é o temor de César Dario Mariano da Silva, promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

De acordo com o jurista, caso isso venha a ocorrer, parte do Poder Judiciário terá culpa. Conforme avalia, Cortes deixaram de punir como deveriam bandidos que integram facções criminosas, como, por exemplo, o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Esse descaso, agravado nos últimos anos pela leniência dos Tribunais Superiores em relação ao tráfico de drogas, principal fonte de financiamento das facções criminosas, permite que essas organizações se fortaleçam”, afirma Mariano da Silva. “[E assim faz com que eles] atuem com ousadia cada vez maior.”

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O membro do MPSP destaca, contudo, que o problema não é só de responsabilidade do Judiciário. Para ele, o Legislativo também pecou no combate ao crime organizado. Nesse sentido, acredita o jurista, é preciso elaborar leis que passem a punir de forma rigorosa os responsáveis pelo tráfico de drogas no país.

“Ou mudamos o sistema atual, ou parte das grandes cidades brasileiras será transformada em narcorregiões”, diz o promotor de Justiça, antes de destacar que tal situação já é, infelizmente, comum em outros países da América do Sul. “Como já ocorre na Venezuela, na Bolívia, na Colômbia e no Peru.”

Narcorregiões e assassinato de delator do PCC

Imagem - Gritzbach no chão
Dez tiros atingiram Gritzbach — no rosto, nas costas e nas pernas | Foto: Divulgação/Polícia Civil

A avaliação de Mariano da Silva consta na reportagem “A ousadia do crime organizado”. Assinada pelo jornalista Edilson Salgueiro, a matéria apresenta uma espécie de linha do tempo do caso que resultou na morte do corretor de imóveis Antônio Vinícius Lopes Gritzbach. Delator do PCC, ele foi assassinado — com dez tiros — no dia 8 de novembro, logo depois de desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo.

Na reportagem, Salgueiro destaca, por exemplo, a presença do PCC no bairro paulistano do Tatuapé. Área que, diante do avanço do crime organizado, sobretudo em comércios de fachada para lavagem de dinheiro, ganhou o jocoso apelido de “Little Italy”.

A matéria de Salgueiro não é, contudo, o único destaque da Edição 243 da Revista Oeste. O texto de capa, por exemplo, conta com a assinatura de Silvio Navarro. Há, além disso, artigos e reportagens de jornalistas como J. R. Guzzo, Augusto Nunes, Cristyan Costa, Ana Paula Henkel, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Adalberto Piotto e Dagomir Marquezi.

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