A Promotoria de Israel anunciou neste domingo, 17, que formalizará acusações contra Eliezer Feldstein, assessor próximo ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e outro suspeito, por obter e vazar documentos ultrassecretos, relata o The Jerusalem Post.
Yonatan Urich, outro membro da equipe de mídia de Netanyahu, Yonatan Urich , também foi interrogado na quinta-feira 14.
O caso pode ter sérias implicações políticas para o governo de Netanyahu, que já enfrenta uma crescente pressão interna.
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O ponto central da acusação é a revelação de que Netanyahu teria recebido os documentos sigilosos e até solicitado acesso a mais informações. A informação foi confirmada pelo advogado MIcha Fettman, que, entre outros defende Edelstein, em entrevista à Rádio do Exército.
Fettman afirmou que Netanyahu havia solicitado informações adicionais a Edelstein e que o primeiro-ministro estava “reservando o dia inteiro para lidar com esse assunto.”
A declaração contradiz a versão oficial divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro. Em nota emitida no início do mês, o governo de Netanyahu afirmou que o primeiro-ministro só teve conhecimento do conteúdo do documento por meio da imprensa, o que agora está sendo contestado pelas investigações.
O vazamento dos documentos envolve uma série de informações altamente confidenciais, incluindo dados sobre a situação de reféns em Gaza e a atuação do Hamas. O conteúdo do documento permanece em sigilo, mas acredita-se que ele esteja relacionado a uma publicação do jornal alemão Bild.
O artigo, que teria se baseado na documentação, indicava que o Hamas estaria promovendo divisões internas em Israel sobre a questão dos reféns, além de demonstrar que o grupo não tinha intenção de negociar um acordo.
Feldstein, que foi preso em 2 de novembro, é acusado de repassar o material a jornalistas israelenses, mas a censura militar impediu sua publicação no país. Posteriormente, ele teria vazado o conteúdo a um veículo de mídia estrangeiro.
“Conforme revelado na investigação, no início de setembro de 2024, Eliezer Feldstein decidiu distribuir o referido documento a veículos de comunicação em Israel com o propósito de publicar seu conteúdo, com o objetivo de influenciar a opinião pública em Israel sobre as negociações de reféns em andamento, particularmente no que diz respeito ao impacto dos protestos no fortalecimento do Hamas”, relata um trecho do documento do Ministério Público.
Em outra manobra, segundo o Post, para garantir a divulgação, Feldstein orientou jornalistas locais a seguirem o caso, o que gerou desconfiança sobre a veracidade das informações vazadas.
Para reforçar a credibilidade do material, Feldstein teria solicitado ao reservista de inteligência responsável pelo vazamento que entregasse o documento original, o que teria ocorrido, junto com outros dois documentos sigilosos.
O Ministério Público também solicitou, neste domingo, 17, que a detenção dos suspeitos seja estendida em cinco dias. Neste período, a instituição deverá apresentar uma acusação, bem como solicitar que eles permaneçam presos até o final do processo judicial devido à amplitude e sensibilidade do caso.
Manifestações contra Netanyahu pela libertação dos reféns
A investigação ganhou novas dimensões no momento em que o governo de Netanyahu enfrenta um contexto político delicado, com a pressão pública por respostas sobre a negociação de reféns.
A descoberta dos corpos de seis reféns executados pelo Hamas no sul de Gaza, no fim de agosto, intensificou a pressão sobre o primeiro-ministro. Naquele momento, ele afirmou que o bloqueio das negociações estava a cargo do Hamas e não de sua gestão.
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A acusação de que Netanyahu teve acesso direto aos documentos vazados pode levantar novos questionamentos sobre sua condução do governo em meio a uma crise de segurança.
Parte da população de Israel tem repudiado a política do governo. Para tanto, tem realizado manifestações para pressionar Netanyahu a adotar uma postura que, na visão deles, facilitaria um acordo para a libertação dos reféns em Gaza.
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