Venezuela liberta mais de 100 presos políticos, mas mantém cerca de 1,8 mil sob custódia

Na prisão de Tocorón, na Venezuela, dezenas de famílias aguardam pela saída de seus entes queridos, em um ambiente de incerteza, depois do anúncio de libertação de prisioneiros. O local fica a cerca de 2 horas da capital Caracas.

Isso ocorre pois, até o último domingo, 17, a ONG Foro Penal informou que 131 pessoas receberam o aval para deixar o local. No entanto, ainda conforme o órgão, outras 1,8 mil famílias ainda esperam por notícias. A informação é do jornal The New York Times.

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A notícia de libertação veio depois de quase três meses das contestadas eleições presidenciais. Nesse período, o regime do ditador Nicolás Maduro prendeu cerca de 2 mil pessoas opositoras, sob acusações de terrorismo. Agora, anunciou planos para libertar cerca de 200 deles.

Maduro afirmou que muitos dos detentos são “criminosos fascistas”. A maioria deles e suas famílias negam as acusações de terrorismo. De acordo com analistas ouvidos pelo NYT, o movimento pode ser visto como uma sinalização do ditador à eleição do norte-americano Donald Trump.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, que é chavista, disse que os detidos restantes enfrentam acusações graves e que seu escritório não recebeu denúncias de violações de direitos humanos durante as prisões.

A Libertação e controvérsias políticas na Venezuela

A oposição na Venezuela, no entanto, afirma que o candidato Edmundo González venceu com 67% dos votos — contra 30% de Maduro | Foto: Reprodução/Twitter/X
A oposição na Venezuela afirma que o candidato Edmundo González venceu com 67% dos votos — contra 30% de Maduro | Foto: Reprodução/Twitter/X

A libertação ocorreu pouco depois da morte de Jesús Manuel Martínez, opositor que estava sob custódia e sofria de problemas de saúde. Líderes da oposição acusaram o regime de negligência, mas Saab afirmou que Martínez estava hospitalizado desde outubro.

Leia também: “Lições da Venezuela”, artigo de Alexandre Garcia publicado na Edição 232 da Revista Oeste

Belkys Altuve, mulher de 59 anos, tem dois filhos e dois netos presos desde julho, acusados de terrorismo depois de, segundo ele, saírem para comprar comida durante a eleição. Altuve disse que votou em Maduro e que sente-se traída, já que o regime “tirou seus filhos dela”.

As eleições de julho, que colocaram Maduro contra o opositor Edmundo González, apoiado por María Corina Machado, foram marcadas por alegações de fraude. Maduro declarou vitória, mas não divulgou atas eleitorais.

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O movimento González-Machado publicou resultados de 80% das seções de votações, os quais mostraram vitória de González com quase 70% dos votos. Essa versão não oficial recebeu o reconhecimento de várias nações mundo afora.

Depois do período eleitoral, a repressão no país aumentou, ao passo que a pressão internacional crescia para que a Venezuela mostrasse as atas de votação. Até o momento, Nicolás Maduro não divulgou os documentos.

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