Sobre acreditar em Bolsonaro

Não há dúvida de que o jornalismo deve oferecer espaço para opiniões divergentes e, por vezes, controversas -faz parte da essência de uma sociedade democrática. No entanto, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupa um espaço nobre na imprensa para louvar a democracia, é inescapável o despertar de um mal-estar profundo. Uma náusea. Sensação que, aliás, ressentimos ao som das notícias sobre atentados a bomba e planos para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estes descobertos agora.

“Aceitem a democracia”, disse Bolsonaro em artigo publicado nesta Folha. Justo ele. Um político cuja trajetória sempre foi marcada pela admiração explícita por torturadores e pela defesa do golpe militar de 1964. Em seus lapsos de sinceridade, Bolsonaro não só exaltou torturadores como também conspirou contra as instituições, desafiou o sistema eleitoral e lançou desconfiança sobre o Supremo Tribunal Federal -táticas que se repetiram ao longo de seu mandato. Em seus últimos atos no poder, recusou-se a aceitar a derrota nas urnas e, indiretamente, encorajou o caos que tomou Brasília em 8 de janeiro, um espetáculo de vandalismo em nome de um sonho autoritário. Justo ele.
Leia mais (11/19/2024 – 16h14)

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