O jogo de tabuleiro educativo que considera os atos do 8 de janeiro como uma “ameaça à democracia” custou R$ 7,5 milhões para ser produzido pelo Senado Federal. As informações foram obtidas pelo futuro vereador de Curitiba, Guilherme Kilter (Novo), via Lei de Acesso à Informação e enviadas com exclusividade a Oeste nesta quarta-feira, 20.
O projeto “Desafio Senado 200 Anos: Uma Aventura pela Democracia” é voltado para estudantes do 5º ano de escolas públicas de todo o Brasil, que compreende alunos entre 10 e 11 anos. O material apresenta em seu tabuleiro uma casa intitulada “8/1/2023: Ameaça à democracia! As sedes dos Três Poderes são invadidas. Fique 2 vezes sem jogar”.
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Uma pesquisa Datafolha divulgada em 29 de março de 2024 mostra que 65% dos brasileiros consideram os atos de 8 de janeiro como vandalismo, e não como tentativa de golpe à democracia. O caso motivou Guilherme Kilter a protocolar um pedido via Lei de Acesso à Informação ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Segundo informações cedidas pelo próprio Senado, foram gastos R$ 7,5 milhões no material, sendo R$ 99,7 mil no desenvolvimento, R$ 5,1 milhões na impressão e R$ 2,6 milhões na distribuição. O kit com o material deve ser distribuído a cerca de 2 milhões e 533 mil estudantes da 5ª série do ensino fundamental de todas as escolas públicas do Brasil.
O conteúdo contou com a participação da Diretoria Executiva de Gestão e Secretaria de Editoração e Publicações do Senado Federal. Como não se trata de matéria legislativa, não houve trâmite em comissões ou plenário da casa.
Senado considerou inquéritos de Moraes
Embora a pesquisa Datafolha tenha mostrado que a maioria dos brasileiros não qualificam os atos de 8 de janeiro como vandalismo, o Senado levou em consideração apenas os processos judiciais sobre a invasão das sedes dos Três Poderes, conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Além disso, a casa alega que foram utilizadas fontes do próprio Senado, da Câmara dos Deputados e do Ministério Público Federal. Também foram consultadas fontes de universidades públicas, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Segundo o Senado, o material tem fundamento na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que orienta os currículos escolares. De acordo com o documento, ela “abrange o desenvolvimento de habilidades voltadas à compreensão das relações socioespaciais e o reconhecimento dos direitos humanos como fundamentais para a convivência em sociedade”.
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“Especificamente para o 5º ano, as competências de história e geografia incluem o entendimento da organização política e social do Brasil e do mundo, bem como a compreensão das desigualdades sociais e a importância da participação cidadã na resolução de problemas coletivos”, diz o Senado, ao justificar a faixa etária escolhida.
O monitoramento da implementação do projeto é realizado através dos relatórios da empresa responsável pela atividade e será concluída somente com a finalização das entregas. No documento, o Senado admite que não houve avaliação prévia do impacto do conteúdo nos alunos.
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