O presidente Donald Trump anunciou, no último sábado, 15, que os Estados Unidos lançaram uma ação militar contra o grupo terrorista Houthi, no Iêmen. Apoiados pelo Irã, os extremistas islâmicos causaram problemas ao comércio global com ataques no Mar Vermelho, em meio ao conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio
Segundo um balanço preliminar do Ministério da Saúde ligado ao grupo terrorista, nove pessoas morreram e outras nove ficaram feridas, a maioria em estado grave.
“Eles empreenderam uma campanha implacável de pirataria, violência e terrorismo contra navios, aeronaves e drones norte-americanos e de outros países”, escreveu Trump, na Truth Social.
Entenda como funciona o grupo Houthi
Os houthis, militantes xiitas que lutam contra o governo do Iêmen há cerca de duas décadas, tomaram Sanaa em 2014, forçando o governo internacionalmente reconhecido a fugir para a cidade de Áden, no sul do país.
Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita lançou uma intervenção militar para expulsar os militantes, mas falhou. Assim, os houthis ficaram no poder no norte do Iêmen, onde governam a maior parte da população e desencadearam uma guerra civil que já matou centenas de milhares de pessoas e resultou em uma das piores crises humanitárias do mundo.
Os houthis construíram sua ideologia com base na oposição a Israel e aos Estados Unidos, vendo-se como parte do eixo de resistência liderado pelo Irã — juntamente do grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, e do Hezbollah, no Líbano. Sua ideologia é refletida no slogan da bandeira do grupo: “Alá é grande, morte à América, morte a Israel, maldição aos judeus, vitória ao Islã”. Seus líderes frequentemente traçam paralelos entre as bombas de fabricação norte-americana usadas para atacá-los no Iêmen e as armas enviadas a Israel para uso em Gaza.

Conversas entre os houthis e a Arábia Saudita em Riad, capital saudita, em setembro de 2023, geraram esperanças de um acordo de paz que potencialmente reconheceria o direito dos houthis de governar o norte do Iêmen. Em dezembro de 2023, as Nações Unidas anunciaram que as partes em conflito haviam concordado com um plano de paz, mas o progresso foi interrompido quando o governo iemenita reconhecido internacionalmente, apoiado pela Arábia Saudita, suspendeu a implantação do acordo, citando uma escalada Houthi no Mar Vermelho.
Antes considerados rebeldes mal organizados, os houthis, nos últimos anos, reforçaram seu arsenal, que agora inclui mísseis de cruzeiro e balísticos, além de drones de longo alcance. Analistas atribuem essa expansão ao apoio do Irã, que tem fornecido equipamentos a milícias em todo o Oriente Médio.
Como os EUA avaliam o grupo terrorista
A administração de Donald Trump inicialmente designou os houthis como uma organização terrorista em 2021, pouco antes de o republicano deixar o cargo. A administração Biden suspendeu a designação semanas depois, para facilitar a entrada de ajuda humanitária no Iêmen.
No começo de 2024, o Departamento de Estado anunciou que estava restabelecendo a designação por causa dos ataques dos gouthis a navios. A designação de terrorista permite que Washington imponha sanções financeiras e processe criminalmente qualquer pessoa que forneça “apoio material” ao grupo designado, e o Departamento do Tesouro tem tentado pressionar o Houthi cortando financiamento e suprimentos.
Agora, de volta à Casa Branca, Trump anunciou uma ação militar contra o grupo no Iêmen.

Por que o Houthi ataca navios
Por mais de um ano, os houthis têm atacado navios no Mar Vermelho. Semanas depois do ataque do grupo terrorista Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que levou Tel-Aviv a desencadear uma campanha militar em Gaza, os houthis, em solidariedade ao grupo terrorista Hamas, disseram que atacariam qualquer navio viajando para ou saindo de Israel. Declararam também ter lançado drones e mísseis contra Israel. No entanto, os critérios dos houthis para atacar navios rapidamente se expandiram para incluir embarcações com ligações diretas ou indiretas a Israel ou com visitas anteriores a portos israelenses, além de navios vinculados aos EUA ou ao Reino Unido.
+ Leia mais notícias do Mundo em Oeste
O Houthi já lançou mais de 130 ataques com drones e mísseis contra embarcações no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, segundo a organização Armed Conflict Location and Event Data, que monitora os ataques. Talvez a operação mais ousada dos houthis tenha ocorrido em novembro de 2023, quando homens armados sequestraram um navio chamado Galaxy Leader e o levaram a um porto iemenita, onde mantêm os tripulantes como reféns há mais de um ano.

Como os ataques afetaram os países ao redor do mundo
Para viajar entre a Ásia e a Europa, empresas globais de transporte têm navegado há décadas pelo Mar Vermelho e pelo Canal de Suez. Agora, muitas companhias estão desviando sua carga pelo Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África — uma rota que adiciona 6,4 mil km e dez dias às rotas de transporte, além de exigir mais combustível. Assim, os ataques dos houthis aumentaram significativamente os custos e os riscos de transporte de mercadorias, de maneira a contribuir para preços mais altos em todo o mundo, de acordo com economistas. Esses aumentos influenciaram eleições na Europa e nos Estados Unidos.
O custo de envio de um contêiner da Ásia para o norte da Europa subiu 270% em 12 meses, segundo a Freightos, um mercado digital de transporte marítimo. No entanto, continuar usando o Mar Vermelho aumentaria os prêmios de seguro e colocaria em risco os marinheiros, alguns dos quais foram mortos ou sequestrados nos ataques.

O que o governo Biden fez para conter os ataques
A administração Biden montou uma força-tarefa naval chamada Operação Guardião da Prosperidade. Esse grupo, formado pelos EUA, pelo Reino Unido e por outros aliados, patrulha o Mar Vermelho para preservar a liberdade de navegação e a liberdade de transporte marítimo. Navios de guerra norte-americanos e britânicos interceptaram alguns mísseis e drones houthis antes que alcançassem seus alvos. Na primeira metade deste ano, os dois países realizaram pelo menos cinco ataques conjuntos contra os houthis.
No último sábado, Donald Trump classificou a resposta de Joe Biden aos rebeldes no governo anterior como “pateticamente fraca”.

A operação militar de Trump e a ameaça ao Irã
Em 11 de março, os houthis anunciaram que retomariam seus ataques contra barcos que considerassem vinculados a Israel no Mar Vermelho, em uma demonstração de apoio aos palestinos da Faixa de Gaza.
O grupo rebelde apoiado pelo Irã alegou que havia tomado a decisão porque Israel não havia permitido a retomada do fornecimento de ajuda à Faixa de Gaza, devastada por uma guerra entre Israel e o movimento terrorista palestino Hamas.
Trump pediu ao Irã que interrompesse imediatamente seu apoio aos terroristas houthis. “Não ameacem o povo norte-americano, seu presidente, nem as rotas marítimas do mundo”, disse o republicano. “E, se o fizerem, cuidado: os EUA os farão plenamente responsáveis e não lhes faremos nenhum favor!”
Revista Oeste, com informações de agências internacionais e da Agência Estado
O post Quem é o Houthi, grupo terrorista que controla parte do Iêmen e é alvo de ação militar dos EUA apareceu primeiro em Revista Oeste.