Dos 31 ministros do STJ, metade tem familiares que atuam em tribunal

Dos 31 ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 15 têm familiares que atuam como advogados em processos na Corte. São 24 filhos, sobrinhos, enteados e mulheres que advogaram em 4.406 ações, das quais 889 ainda tramitam, de acordo com o portal UOL.

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Esse número representa 0,3% dos 331.932 processos no tribunal. Mas, segundo a reportagem, essa quantidade pode ser maior, uma vez que os parentes dos ministros podem representar seus clientes em processos de forma sigilosa.

Ainda segundo o UOL, essa atuação gera a possibilidade de conflito de interesses. A reportagem cita a rápida ascensão desses parentes em um mercado competitivo.

A relação entre ministros e seus parentes advogados levanta preocupações éticas, especialmente quando a reputação do STJ está sob escrutínio. Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) investiga suspeitas de venda de sentenças no STJ que envolvem advogados e lobistas. Até o momento, não há, contudo, evidências diretas contra os ministros do STJ.

O caso de Eduardo Martins no STJ

Um exemplo da maneira como os parentes dos ministros são acionados é o caso de Eduardo Martins, filho do ministro Humberto Martins. Ele entrou em um processo por substabelecimento, técnica que permite a inclusão de novos advogados em ações já existentes.

Eduardo foi alvo de investigação na Operação Lava Jato por tráfico de influência, depois da delação de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio do Rio. Segundo as acusações, o filho do ministro teria recebido R$ 82 milhões para influenciar decisões no STJ.

Em 2021, a 2ª Turma do STF anulou a investigação, argumentando que o caso deveria ser conduzido pela Justiça estadual. Livre das acusações, Eduardo foi nomeado desembargador do TRF-1 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março de 2024.

Ao UOL, Eduardo disse que é inocente. Suas irmãs continuam advogando no STJ.

Presença de familiares na advocacia do STJ

Francisco Falcão é o ministro com mais parentes atuantes, com três filhos e um enteado, seguido por Luis Felipe Salomão, com dois filhos e um sobrinho.

Anna Maria Trindade dos Reis, mulher do ministro Sebastião Reis Júnior, é a advogada com mais ações ajuizadas, somando 145 processos em tramitação. Ela atua no STJ desde 1990, antes de seu marido tomar posse como ministro em 2011.

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O sistema do tribunal registra a atuação de parentes advogados e alerta sobre impedimentos, mas isso não elimina o desconforto no meio jurídico. Parentes de ministros chegam aos gabinetes sem agendamento oficial e têm acesso privilegiado em eventos sociais em Brasília.

A lista de clientes desses advogados inclui empresas como Supervia e Oi, além de bancos e grandes empresários.

Debate sobre ética e influência

A legislação atual, incluindo o estatuto da OAB e o Código de Ética e Disciplina, não proíbe a atuação de advogados em tribunais onde familiares são magistrados.

Em 2012, Joaquim Barbosa, então presidente do STF, criticou a atuação de advogados parentes de autoridades, afirmando que isso perpetua privilégios no Brasil.

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