Campos Neto recusa convite de Nunes e diz que vai para o setor privado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que não pretende trabalhar no setor público. O mandato do executivo à frente da autoridade monetária se encerra na próxima terça-feira, 31. Ao site Poder360, Campos Neto afirmou que vai voltar para o setor privado.

A declaração do presidente do BC é uma resposta a um suposto convite para integrar o governo do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Embora não haja uma confirmação oficial por parte de Nunes, Campos Neto teria sido sondado para assumir a Secretaria da Fazenda.

Campos Neto: carreira no Santander

Economista formado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, Campos Neto assumiu o BC em fevereiro de 2019, conforme indicação do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Com 55 anos de idade, ele trabalhou de 1996 a 1999 no Banco Bozano Simonsen. O Banco Santander adquiriu o controle do Bozano Simonsen no ano 2000 e incorporou o executivo.   

O atual presidente do BC terá que esperar até julho de 2025 para trabalhar na iniciativa privada. Ele e os diretores da instituição têm que cumprir quarentena de 6 meses ao deixar o banco. A medida objetiva evitar o uso de informações privilegiadas e tráfico de influência, entre outros eventuais conflitos de interesse.

Salário e perda de status de ministro

Mesmo em período de quarentena, os ex-funcionários continuam a receber remuneração no período, bem como podem ocupar cargo público. O salário de Campos Neto, no entanto, é pouco comparado com a sua responsabilidade. Conforme o Portal da Transparência, sua remuneração é de R$ 18,8 mil brutos (menos de R$ 14 mil líquidos). Isso daria um acumulado inferior a R$ 250 mil por ano. O presidente de uma instituição privada, como o Itaú, recebe quase R$ 70 milhões.

O salário de Campos Neto é similar ao que vai receber o seu sucessor, o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. A função muda, mas o valor do holerite, não. Com a autonomia do BC aprovada em 2021, o cargo de presidente do órgão perdeu o status de ministro. Antes do governo Bolsonaro, o chefe da autarquia ganhava o mesmo que um auxiliar de primeiro escalão, cerca de R$ 30 mil, conforme a tabela de funções comissionadas do próprio Banco Central.

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