Multas do Ibama prescrevem e governo Lula perde R$ 573,3 milhões

Nos últimos dois anos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva perdeu R$ 573,3 milhões referentes à aplicação de multas ambientais pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Esse valor representa um quarto do orçamento do órgão e revela problemas crônicos em sua gestão.

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De janeiro a outubro de 2024, as multas prescritas já somavam R$ 270,3 milhões, enquanto em 2023, o total foi de R$ 303 milhões. Ao todo, 1.316 autos de infração prescreveram nesse período, de acordo com dados da Lei de Acesso à Informação (LAI) publicados no Metrópoles.

O Ibama é responsável por aplicar as multas, mas os processos ficam paralisados por anos até que prescrevam. A falta de servidores e o excesso de judicialização são os principais motivos para a prescrição das penalizações. Em meio às ações, há registros de multas antigas, sendo a mais remota de 1991.

Multas do Ibama atingiram estatais

A lista de infratores inclui agricultores e empresas de diversos setores, como construção, siderurgia, petróleo e pecuária. A Petrobras deixou de pagar R$ 7,7 milhões em multa recente, e uma de R$ 6,1 milhões, de 2008, referente a operações irregulares em Salvador (BA).

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A Petrobras informou que “realiza uma avaliação técnica e jurídica das mesmas e, como permite a legislação brasileira, reserva-se o direito de contestá-las administrativamente nos casos em que há divergência de entendimento”.

Fachada do do Palácio do Desenvolvimento, que agrega o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) | Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Órgãos públicos também escaparam de pagar valores milionários. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se beneficiou com o vencimento de três autos, somando mais de R$ 40 milhões. O órgão recebeu multa de R$ 24,6 milhões por danificar 17,5 mil hectares na Amazônia, em Nova Ubiratã (MT).

Impactos da falta de servidores

O Incra declarou ter um acordo com o Ibama, em análise, para enfrentar os passivos ambientais. Outras empresas, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Bunge Alimentos também escaparam das punições, deixando de pagar R$ 14,6 milhões.

Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, afirmou que o Brasil enfrenta uma “indústria de crimes ambientais”. A intensa judicialização e a falta de servidores são vistos como fatores críticos para a prescrição das multas.

Iniciativas para mitigar o problema

O Ibama tem apenas 2,7 mil funcionários, muitos próximos da aposentadoria. Nos últimos dez anos, 89 escritórios foram fechados pela falta de pessoal. Para mitigar essa situação, o órgão convocou 200 aprovados em concurso e planeja abrir 460 vagas em fevereiro de 2025.

Segundo Agostinho, o uso de tecnologia tem ajudado na fiscalização, permitindo autuações a distância. Ele destacou o desafio de lidar com “laranjas” usados por grileiros e garimpeiros para evitar o pagamento de multas.

O projeto de conversão de multas ambientais, retomado em 2023, possibilita que infratores invistam na recuperação ambiental ao invés de pagar judicialmente. Em outubro de 2024, a Advocacia-Geral da União regulamentou uma portaria que permite a renegociação de multas, resultando na arrecadação de R$ 422 milhões até dezembro.

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