Os ‘penduricalhos’ que dão aos juízes os salários mais altos do Brasil

Os juízes brasileiros têm recebido salários acima do teto do funcionalismo público por causa de benefícios adicionais, conhecidos como “penduricalhos”. Entre eles estão o adicional por tempo de serviço, licença-compensatória, gratificação por acúmulo de função e licença-prêmio.

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Muitas vezes, esses pagamentos ocorrem sem previsão legal, conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, publicada neste domingo, 5.

Um relatório da Transparência Brasil revelou que, entre julho de 2023 e outubro de 2024, 35 tribunais implementaram mecanismos que aumentaram os contracheques de 8.736 juízes, desembargadores e ministros.

Os ganhos extras médios foram de R$ 12,4 mil por mês, contribuindo para que ultrapassassem o teto salarial público.

PEC contra salários de juízes acima do teto está parado no Congresso

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que visa a regularizar os pagamentos dos supersalários a juízes, está estagnada no Congresso Nacional | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que visa a regularizar esses pagamentos, está estagnada no Congresso. A PEC, proposta por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, busca legalizar o pagamento de adicionais por tempo de serviço para carreiras do Judiciário e Ministério Público.

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Contudo, a pauta ainda não avançou, o que permite que os benefícios sejam concedidos mesmo sem base legal clara.

Em 2022, o Conselho de Justiça Federal (CJF) autorizou o retorno do pagamento do adicional por tempo de serviço (ATS), extinto em 2006. Com essa medida, estimou-se que juízes federais pudessem receber até R$ 2 milhões em valores retroativos.

A licença-compensatória permite a conversão de dias de folga em dinheiro, aumentando a renda dos magistrados.

Licença-prêmio e sua conversão em pecúnia

Já a licença-prêmio aos magistrados concede três meses de descanso a cada cinco anos trabalhados. Depois de decisão do ex-corregedor nacional de Justiça Luís Felipe Salomão, em novembro de 2022, muitos tribunais passaram a autorizar a conversão dessa licença em pecúnia, caso a folga não possa ser usufruída.

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No Tribunal de Justiça do Paraná, magistrados podem vender sua licença-prêmio, recebendo até R$ 119.151, valor equivalente a três meses de salário de um desembargador.

Embora o Supremo Tribunal Federal tenha decidido que o valor total da licença-prêmio deve ser considerado indenizatório e, portanto, fora do teto, o cálculo mensal convertido em dinheiro deve obedecer ao limite do teto do funcionalismo público. Essa decisão teve o objetivo de manter o controle sobre os valores pagos.

Penduricalhos e o impacto nos órgãos de controle

O fenômeno dos penduricalhos resulta de acordos entre associações de magistrados e órgãos de controle, transformando verbas remuneratórias em indenizatórias. Esse processo também vale para o Ministério Público da União, que quer manter equidade entre os benefícios em diferentes carreiras jurídicas.

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