O presidente da Argentina, Javier Milei, obteve uma vitória política com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da suspensão das eleições primárias Paso. A proposta recebeu 162 votos a favor, 55 contra e 28 abstenções, superando os 129 votos necessários para avançar. Promessa de campanha do governo, a pauta ainda aguarda a análise do Senado.
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Em vigor desde 2011, as Paso, ou Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, ocorrem dois meses antes de eleições gerais. Elas servem para definir quais pré-candidatos das coalizões têm maior apoio popular. A intenção original do governo Milei era eliminar as Paso. No entanto, por causa da resistência do Congresso, a suspensão foi proposta como uma solução temporária para este ano.
Justificativa para a suspensão das primárias na Argentina
A justificativa apresentada pelo governo para a suspensão das primárias é de ordem econômica. Manuel Adorni, porta-voz do presidente, declarou no ano passado que “as Paso funcionaram como uma pesquisa milionária a serviço unicamente da política e em detrimento da economia e do tempo dos argentinos”.
Em 2023, o custo das primárias foi de 45 bilhões de pesos, o equivalente a R$ 248 milhões.
Cenário político e eleições legislativas
Em outubro, a Argentina vai realizar eleições legislativas de meio de mandato. Estarão na disputa 127 das 257 cadeiras da Câmara e 24 das 72 do Senado. Este será o primeiro teste significativo nas urnas para o Liberdade Avança, partido de Milei, desde que ele assumiu a Presidência.
Pesquisas de intenção de voto indicam um cenário favorável para a legenda, que lidera nas preferências, à frente da força política de Cristina Kirchner.
Impactos da fragmentação partidária na Argentina
A oposição, por outro lado, enfrenta desafios internos. A aliança União pela Pátria está dividida entre Cristina Kirchner e o governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof. A suspensão das Paso pode complicar ainda mais essas disputas, que anteriormente eram resolvidas por meio das primárias.
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As Paso atuavam ainda como uma espécie de filtro, pois impedia que partidos com menos de 1,5% dos votos participassem das eleições gerais. Com sua suspensão, a fragmentação partidária pode aumentar, favorecendo o surgimento de novas forças políticas que podem se aliar ao governo de Milei.
Fortalecimento do partido Liberdade Avança
Se o Senado aprovar a suspensão, o Liberdade Avança poderá consolidar sua posição no Congresso. Atualmente, o partido detém 15% das cadeiras e precisa formar alianças ocasionais para aprovar seus projetos.
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Um fortalecimento da base parlamentar proporcionaria ao governo maior facilidade para implementar suas políticas.
A comparação com o Proposta Republicana (PRO), do ex-presidente Mauricio Macri, que terá 23 de suas 37 cadeiras em disputa, ilustra a vantagem potencial de Milei. A desarticulação da oposição e a suspensão das Paso podem criar um ambiente favorável ao fortalecimento do Liberdade Avança.
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