O silêncio de organizações internacionais de direitos humanos diante do sequestro e assassinato de reféns israelenses, incluindo bebês, pelo Hamas, tem causado pouca indignação se for levada em conta a intensidade da barbárie.
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Dois tipos de silêncio, portanto, se acumulam: o dos que se calam e o dos que não se revoltam com os que se calam. O assunto foi tema de reportagem do The Jerusalem Post.
A falta de palavras e de ação vai de ponta a ponta. Começa no momento em que o idoso Oded Lifshitz, 84 anos, Shiri Bibas, 32 anos, e seus meninos Ariel, 5, e Kfir, 2, foram sequestrados por hordas vindas da Faixa de Gaza.
E prossegue até a chocante exibição de seus restos mortais em um palco, sob aplauso de uma multidão que apoia o grupo terrorista. O Post definiu essa passividade de ONGs que se dizem defensoras dos direitos humanos como “vergonhosa cumplicidade.”
Mas não é apenas o jornal israelense que busca entender a situação absurda. Há uma parcela da sociedade que se mantém incansável no combate à indiferença. E condena a inação destas renomadas ONGs diante da barbárie perpetrada pelo Hamas.
“Infelizmente a ausência de manifestação de organizações internacionais, assim como de outros países, não nos surpreende”, afirma a Oeste Rafael Azamor, representante no Brasil do Fórum dos Familiares de Reféns e Desaparecidos no 7 de Outubro. “Desde 7 de outubro nos deparamos com isso: a violência perpetrada contra israelenses e contra a comunidade judaica não choca o mundo.”
A Confederação Israelita do Brasil (Conib), também divulgou nota repudiando a cena.
“A exibição midiática e cínica dos caixões de crianças, adultos e idosos reflete a barbárie e a desumanização promovidas pelo Hamas, que continua a transformar a dor e o sofrimento em um macabro show de propaganda”, declarou a confederação israelita.
Enquanto são céleres em denunciar Israel, essas ONGs permanecem em silêncio diante dos crimes do Hamas, prossegue o Post. A Anistia Internacional, Human Rights Watch, Save the Children e outras organizações foram citadas e acusadas de ignorarem o sofrimento dos reféns e de suas famílias.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que se proclama defensora de “cada criança”, fez apenas breves menções aos bebês Bibas. O escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) foi ainda pior. Equiparou, segundo o Post, reféns a terroristas, demonstrando um descaso chocante com as vítimas do Hamas.
Até mesmo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, cuja missão é proteger as vítimas de conflitos armados, demorou 500 dias para visitar os reféns e participou da cerimônia de propaganda do Hamas, legitimando a exploração da tragédia. Levanta, conforme relata o Post, sérias questões sobre sua imparcialidade e compromisso com a defesa dos direitos humanos.
Credibilidade das ONGs está minada
A postura dessas ONGs mancha sua reputação, na visão de Azamor. E mina a credibilidade dos direitos humanos como um todo.
“O massacre que levou algumas horas no 7 de outubro também não chocou o mundo”, ressalta Azamor. Para ele, a negligência em combater o Hamas, as torna coniventes com o terror.
“Tampouco o sequestro de uma criança de oito meses que não tinha a menor condição de se defender, sendo arrancada do colo da sua mãe e devolvida em um caixão para o seu pai que ficou quase 500 dias sequestrado fez com que parte do mundo tivesse, por um momento sequer, um olhar de piedade ou preocupação com os judeus e com os israelenses.”
Essa omissão seletiva revela um duplo padrão estarrecedor, prossegue o Post. Considerado hipócrita e cruel pelos verdadeiros defensores dos direitos humanos, acrescenta Azamor.
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Ao atuarem desta forma parcial, estas entidades, mais cedo ou mais tarde, pagarão um preço. Caminham para a ruína moral, ao traírem a própria essência e abandonarem aqueles que também deveriam proteger.
Azamor considera que a sua indignação, a do Post e a dos que não relacionam a palavra empatia apenas às suas narrativas egocêntricas e infantis, resistem.
“O julgamento de valores e a polarização do mundo fazem com que essas vidas não tenham um menor valor”, desabafa o representante do Fórum. “Infelizmente sobra para o lado mais fraco e esse lado mais fraco não é a Palestina, não é Israel, são os cidadãos, são os judeus de todo mundo.”
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