O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu nesta quinta-feira, 20, que o governo Lula “pode ter cometido erros” na gestão econômica. No entanto, disse que ainda há tempo para corrigi-los e argumentou que a administração econômica é “delicada”.
“Temos que admitir que governos erram, muitas vezes. Governos erram. E, às vezes, a coisa descalibra um pouquinho”, disse Haddad, no programa Bom Dia, Ministro, do canal estatal EBC. “Se não for um erro grave, você consegue corrigir rapidamente.”
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O ministro disse ainda que o cenário externo ainda traz incertezas, cujas variáveis o governo não pode controlar. Como exemplo, mencionou a previsão, no final de 2023, de que os juros nos Estados Unidos seriam reduzidos ao longo de 2024, uma expectativa que não se concretizou.

“Quando isso descarrilhou, não foi bonito o que aconteceu no Fed nos Estados Unidos, no final do governo Biden, embora lá também o Fed seja autônomo, independente, as coisas mudaram muito”, falou, em referência ao Federal Reserve, o banco central norte-americano. “O dólar se valorizou no mundo inteiro, isso trouxe preocupação para o mundo inteiro.”
Haddad afirma que, quando fatores incontroláveis, como o clima e o cenário internacional, afetam a economia, pode surgir a impressão de que o país está indo por um caminho errado. No entanto, ele diz que essa não é a situação atual, e que o Brasil ainda tem condições de crescer e equilibrar suas finanças públicas.
O país “não precisa fazer um ajuste recessivo para colocar ordem nas suas contas”, defendeu. “Ele consegue fazer um ajuste gradual que não coloque em perigo a expansão do emprego e da renda.” O chefe da Fazenda argumentou ainda que o governo Lula não pode “cair no erro dos anos anteriores a esse governo, em que nós imaginamos que, crescendo pouco, nós íamos colocar ordem nas contas”.

Haddad minimiza perda de popularidade no mercado financeiro
No Bom Dia, Ministro, Haddad também comentou sobre a pesquisa da Genial/Quaest que mostrou queda na sua aprovação pelo mercado financeiro, de 41% em dezembro para 10% em março. Ele disse que o levantamento não pode ser considerado uma pesquisa, pois não tem base amostral.
“Dizer que isso é uma pesquisa é dar um nome muito pomposo para uma coisa que deve ter sido feita em 15 minutos ali, num bairro”, disse. “Uma pesquisa com 100 pessoas, não dá para dar o nome de pesquisa. Isso você faz em uma mesa de bar.”
A Genial entrevistou 106 fundos de investimento, com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre 12 e 17 de março, com foco em gestores, economistas e analistas. Segundo os dados, 88% desse público avaliou negativamente o governo Lula, enquanto apenas 4% têm visão positiva.
Haddad afirma que uma pesquisa com mais relevância poderia ser realizada no Congresso Nacional, pois ali estão representantes eleitos, com mandato.
O ministro finalizou lembrando que, na vida pública, há “altos e baixos”, e que “consertar o país é difícil”. Ele destacou a dificuldade de fazer com que diferentes pessoas se unam em torno de um mesmo projeto e ressaltou que a solução para a economia brasileira passa pelo fortalecimento das instituições e por um consenso entre os Poderes da República.
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