A manicure Eliene Amorim de Jesus, de 28 anos, natural do interior do Maranhão, segue detida no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, sob acusação de envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Sua prisão ocorreu em março daquele ano, na quitinete onde residia no bairro Angelim, na capital maranhense.
Segundo informações divulgadas pelo jornalista José Linhares Júnior, não há evidências diretas que comprovem a participação ativa de Eliene na depredação de patrimônio público ou na organização dos atos em Brasília.
Eliene também era estudante de psicologia e missionária da Assembleia de Deus Campo Miracema (IADER/Turú). Um dos pontos levantados contra ela é a publicação de um stories em que mencionava a experiência de escrever um livro sobre os acontecimentos.
Testemunhas afirmam que ela estava do lado de fora do Palácio do Planalto no dia dos ataques. A oitiva das testemunhas indicadas pela defesa de Eliene e seu interrogatório estão marcados para o dia 3 de abril.
A história da missionária presa pelo 8 de janeiro
Com 15 anos, Eliene deixou o povoado de Torozinho, em Turiaçu, para tentar a vida em São Luís. Lá, trabalhou como doméstica, babá, auxiliar de creche e manicure.
Quase dois meses depois dos atos de 8 de janeiro, foi presa em flagrante e enviada ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas, mesmo sem antecedentes criminais. Permanece na cela B9 do bloco B da unidade feminina.
Antes da prisão, estudava psicologia na Edufor, pagando o curso com seu trabalho como manicure. Interessada nos protestos, decidiu acompanhar os acampamentos em frente a quartéis para escrever um livro sobre o tema.

A Polícia Federal apreendeu seu celular, que continha fotos comprovando sua pesquisa, mas isso não evitou sua detenção. Em 6 de janeiro de 2023, viajou para Brasília com dois rapazes que conheceu nos acampamentos.
Comprou suas passagens e foi registrada apenas com um caderno e uma caneta, anotando tudo. Depois dos tumultos, voltou ao Maranhão e seguiu sua rotina até ser presa dois meses depois. Os dois rapazes que viajaram com ela não foram detidos.
Visitas foram restritas por Moraes
Desde sua prisão, Eliene tem enfrentado inúmeras dificuldades. Suas visitas foram restritas pelo ministro Alexandre de Moraes, permitindo apenas familiares e advogados.
No entanto, sua família, que ainda vive em Torozinho, não tem condições financeiras para viajar regularmente a São Luís. De acordo com o vídeo publicado por José Linhares Júnior, até poucos meses atrás, Eliene sequer sabia exatamente quais eram as acusações contra ela.
A família de Eliene foi contatada pela equipe de Oeste, mas optou por não conceder entrevistas.
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