Temer: divergências no governo Lula colocam em risco estabilidade e credibilidade

O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse, em evento nos Estados Unidos (EUA), neste sábado, 12, que o governo brasileiro atualmente enfrenta divergências internas que, segundo ele, podem comprometer a estabilidade institucional e a imagem externa do país.

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Sem citar nome s, Temer sugeriu que há embates entre membros da gestão federal. “Quando um ministro piscava feio para o outro [no meu governo], eu chamava os dois e resolvia”, relembrou o emedebista, segundo a Folha de S. Paulo.

As declarações foram feitas durante a Brazil Conference, organizada por estudantes brasileiros de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, Massachusetts.

Além de Temer, estiveram presentes Gilmar Mendes (ministro do Supremo Tribunal Federal [STF]), Paulo Gonet (procurador-geral da República), Andrei Rodrigues (diretor-geral da Polícia Federal), João Campos (prefeito do Recife) e a deputada federal Tábata Amaral (PSB).

Temer observou que o ambiente no Planalto é marcado por choques de ideias e disputas entre alas distintas. “O que há é isso, seja em função de partido, há muita divergência”, criticou o ex-presidente. “Isso causa instabilidade. Nós que estamos olhando de fora queremos segurança.”

Exemplos desses atritos, lembrou a Folha, incluem divergências entre os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil. A postura de Haddad, que insiste em controlar os gastos públicos para manter o equilíbrio fiscal, tem resistência dentro de seu próprio partido. Costa acredita que isso pode limitar investimentos e obras estratégicas para o governo.

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, também entrou nesse tabuleiro político ao fazer críticas a Haddad em bastidores, apoiando o posicionamento de Costa.

Entre 1997 e 2011, Temer foi presidente da Câmara dos Deputados em três ocasiões. Deu, portanto, dicas também ao novo presidente da Câmara, Hugo Motta. Ele foi direto: recomendou fidelidade à Carta Magna. Também defendeu o diálogo entre os Três Poderes, com o objetivo de preservar o funcionamento saudável das instituições.

“A gente acha que quem ocupa um espaço de poder é senhor absoluto daquele poder”, afirmou Temer. “O que está na Constituição não é vontade do constituinte. Eu representei [quando presidente da Câmara] a vontade da única autoridade que existe no país, que é o povo”, comentou.

Sobre os presidentes das duas Casas Legislativas, Temer se mostrou otimista: “Eu acho que são jovens ambos [Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Motta] e poderão fazer um belíssimo papel”, destacou o ex-presidente da República. “E eu tenho absoluta convicção, conhecendo como os conheço, que eles vão cumprir rigorosamente os termos constitucionais.”

Elogios de Temer ao STF

Ele não criticou o fato de membros do Executivo terem constantes conversas com ministros do Supremo e representantes de outros Poderes. Segundo o ex-presidente, que lembrou ter sido criticado por ter feito isto, este tipo de articulação é essencial. “Como você harmoniza as relações institucionais se você não dialogar com as pessoas de diversos poderes?”

O ex-presidente enalteceu o papel do STF, ao citar o ministro Gilmar Mendes. “Não há a menor possibilidade de nós violarmos os princípios democráticos em face não só da vontade do Legislativo, mas particularmente do Judiciário, no particular, do STF, que fez um esforço extraordinário para manter a íntegra a democracia brasileira.”

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Temer também abordou as possíveis tensões diplomáticas no cenário internacional. Sugeriu que relações entre países devem transcender simpatias pessoais. “A relação não é de Donald Trump com Luiz Inácio”, ressaltou.

“É entre o presidente dos EUA com o do Brasil. As pessoas têm que ter consciência disso. Adotou-se uma técnica de simpatia por alguns presidentes ou candidatos. A relação não tem que ser entre a simpatia do Luiz Inácio e do Trump com A, B ou C.”

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