O Hamas, grupo terrorista que administra a Faixa de Gaza e deu início a uma guerra com Israel há um ano e meio, enfrenta uma crise financeira severa e não tem dinheiro nem para pagar os terroristas que atuam como combatentes. A informação é do jornal norte-americano The Wall Street Journal e foi publicada nesta quarta-feira, 16.
No mês passado, Israel interrompeu o fornecimento de suprimentos humanitários, frequentemente roubados pelos terroristas e vendidos pelo grupo para gerar fundos. Ataques israelenses eliminaram oficiais do Hamas, responsáveis pela distribuição de dinheiro, e forçaram outros a se esconderem, conforme autoridades árabes, israelenses e ocidentais consultadas pelo WSJ.
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O Exército israelense informou que eliminou um doleiro crucial para o financiamento terrorista do Hamas, além de integrantes de altos cargos políticos, o que intensificou a pressão financeira sobre o grupo. Muitos funcionários do governo de Gaza tiveram seus salários suspensos, enquanto terroristas seniores do Hamas passaram a receber apenas metade de seus vencimentos durante o Ramadã. O salário dos combatentes de base do Hamas era de US$ 200 a US$ 300 por mês, o que reflete a crise econômica que o grupo enfrenta.
Israel minou estratégias financeiras do Hamas
Métodos tradicionais de pagamento, como mensageiros que transportam dinheiro ou pontos de desembolso fixos, tornaram-se alvos fáceis para as forças israelenses. “Mesmo que tenham grandes quantias, a distribuição é limitada”, afirmou ao WSJ Eyal Ofer, especialista na economia de Gaza. O Hamas não respondeu ao pedido de entrevista sobre sua situação financeira ou métodos de obtenção de fundos.
Antes do conflito, o Hamas recebia US$ 15 milhões mensais do Catar e levantava fundos em regiões como África Ocidental e Reino Unido, acumulando cerca de US$ 500 milhões, grande parte na Turquia.
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Com o início das guerra — depois do ataque terrorista que deixou 1,2 mil mortos em Israel —, o governo de Benjamin Netanyahu restringiu severamente a transferência de dinheiro físico para Gaza, forçando o grupo a buscar maneiras de contornar essas restrições.
No início, o Hamas desviou cerca de US$ 180 milhões de agências do Banco da Palestina, segundo autoridades ouvidas pelo WSJ. Além disso, utilizou o fluxo de bens humanitários e comerciais para criar novas fontes de renda, cobrando impostos de comerciantes, taxas alfandegárias e confiscando mercadorias para revenda.
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Dinheiro estrangeiro também foi usado para adquirir bens humanitários, que eram vendidos em Gaza para gerar mais recursos. Mesmo com essas estratégias, o Hamas estava à beira de uma crise de liquidez antes do cessar-fogo de janeiro, que trouxe um fluxo de ajuda para Gaza, permitindo ao grupo reabastecer seus cofres.
Israel pretende enfraquecer grupo terrorista
Contudo, essas fontes de financiamento se fecharam quando Israel bloqueou as fronteiras de Gaza para suprimentos humanitários em março, agravando ainda mais a situação financeira do grupo.

Moumen Al-Natour, advogado palestino de Gaza, destacou a crise enfrentada pelo Hamas em obter dinheiro. Ele participa de um movimento de oposição crescente ao governo do grupo e ressalta que muitos funcionários públicos afiliados ao Hamas dependiam da venda de ajuda humanitária no mercado negro para receber seus salários.
Organizações humanitárias criticaram o bloqueio imposto por Israel, alertando que pode resultar em fome extrema para os 2 milhões de habitantes de Gaza.
Israel, por sua vez, afirma que o bloqueio enfraquece o controle do Hamas. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou que o país está desenvolvendo um novo plano para distribuir ajuda por meio de parceiros civis.
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