O ‘Aposentão’ e a doutrina do ‘direito ao crime’

Na Edição 267 da Revista Oeste, na reportagem sobre o escândalo de desvios no INSS, Silvio Navarro foi certeiro ao afirmar: “Sempre que o PT chega ao poder, um roteiro irremediável se repete no Brasil: a corrupção como método de governança”.

O volume de dinheiro roubado dos aposentados pelos companheiros petistas está sendo calculado em R$ 6 bilhões, mas há quem especule que o montante possa ser bem maior.  Seja qual for o valor, o que não se discute, todavia, é o fato de tratar-se de uma das maiores covardias já cometidas contra pessoas vulneráveis no Brasil. Uma covardia que não poderia ser cometida por corruptos comuns, senão por corruptos imbuídos de cultura política revolucionária. Silvio tem razão: há método no roubo. E há também uma mentalidade que o justifica.

Escândalo no INSS é indiferente para o PT

O sentimento de culpa — a famigerada culpa “judaico-cristã”, como há 300 anos maldizem os revolucionários com esgares de nojo — não integra a estrutura de consciência da esquerda revolucionária, e é isso que faz com que os males políticos por ela cometidos sejam sempre piores. Um revolucionário corrupto será sempre mais corrupto que um não revolucionário. Este último pode vir a sentir vergonha, ou mesmo saciar-se com o produto de seu crime. O esquerdista, jamais. Pego em flagrante delito, ele fará como José Genoino e José Dirceu quando apanhados no Mensalão: erguerá no ar o punho cerrado e, prenhe de um orgulho patológico, experimentará, no fundo de seu ser, a emoção de lutar por justiça no instante mesmo em que a corrompe. 

“A moral deles é diferente da nossa” — decretou o relativismo imoral de Trótski. No Brasil, os lulopetistas cansaram de dar provas dessa ética peculiar inerente à imaginação revolucionária. Qual Raskolnikov, personagem de Dostoievski em Crime e Castigo, eles se convenceram (e convenceram boa parte das elites nacionais) de que, por serem excepcionalmente virtuosos, haviam forçosamente de gozar de um “direito ao crime”.

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Para a esquerda revolucionária, é sempre a denúncia de seus crimes o que causa profunda indignação, não os crimes eles mesmos. Descrevendo certa feita o famoso “discurso secreto” proferido por Kruschev em 1956, o historiador socialista Eric Hobsbawm falou da “brutal e implacável denúncia dos delitos de Stalin”. Seu colega Tony Judt não deixou passar batido o ato falho revelador: “Note-se que é a denúncia contra Stalin que recebe os epítetos (‘brutal’ e ‘implacável’), não os seus ‘delitos’”.

Com efeito, não me espantaria se, em breve, as denúncias ao novo escândalo petista de corrupção (nas redes sociais já batizado de “Aposentão”) começassem a ser tratadas pela intelligentsia do regime como “ataques às instituições democráticas”.

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