Vice-prefeito de São Paulo detalha ações na cracolândia

Em entrevista ao Oeste com Elas nesta quinta-feira, 15, o vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo, deu detalhes sobre as ações que foram feitas na região da cracolândia. O espaço na Rua dos Protestantes, antes ocupado por usuários de drogas, amanheceu vazio na terça-feira 13.

De acordo com Araújo, as ações conjuntas entre a prefeitura e o governo do Estado conseguiram reduzir expressivamente o número de dependentes químicos na região. A estratégia de enfrentamento envolve um trabalho multissetorial, com presença diária de equipes de saúde, assistência social, segurança pública e ações de reinserção profissional.

Ao assumir o cargo em janeiro deste ano, Araújo recebeu do prefeito Ricardo Nunes a missão de intensificar as ações na chamada cena aberta de uso. Para compreender a dinâmica da região e as necessidades da população em situação de dependência, Araújo relatou que passou a frequentar diariamente o local, conversando com usuários, familiares, profissionais de saúde, assistência social e segurança.

Imagem aérea da Cracolândia vazia
Imagem aérea da Cracolândia vazia | Foto: Reprodução/Twitter/X

“Eu quis entender de perto”, disse o vice-prefeito. “Não dá pra dar palpite sem entender a realidade. Passei a ir todos os dias, conversar com os dependentes, ver as condições dos equipamentos de saúde, ouvir as mães que buscam os filhos. Foi ouvindo, conversando, que fomos ajustando ações.”

Movimentações do poder público

coronel mello araújo e ricardo nunes - candidato a vice-prefeito e a prefeito de São Paulo
Coronel Mello Araújo e Ricardo Nunes durante carreata na Avenida Arquiteto Vilanova Artigas, no bairro Conjunto Habitacional Teotônio Vilela — Sapopemba/São Paulo, 26 de outubro de 2024 | Foto: Divulgação/Coligação Caminho seguro pra São Paulo

Entre as mudanças implementadas, Mello Araújo citou a inclusão de atividades físicas e oficinas dentro dos centros de internação, como forma de manter os pacientes ocupados e engajados no tratamento.

Além disso, destacou a articulação com a Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Econômico, que passou a oferecer vagas de emprego por meio de uma unidade móvel do Centro de Apoio ao Trabalho (CAT) instalada nos equipamentos de saúde.

“Isso dá esperança”, afirmou. “A pessoa que termina o tratamento já sai com uma carta de emprego na mão, vê que tem perspectiva de recomeçar.”

Segundo ele, essas iniciativas, somadas ao endurecimento das ações de repressão ao tráfico e ao fechamento de estabelecimentos ligados ao crime organizado, resultaram na queda gradual do número de usuários na cracolândia, que segundo a prefeitura, passou de cerca de 216 para pouco mais de 50 pessoas nas últimas semanas.

O vice-prefeito enfatizou o papel da intensificação do uso de cães farejadores na região como fator decisivo para aumentar a pressão sobre o tráfico.

“Quando o cão chega, muda tudo. O traficante some, o usuário não consegue mais ter acesso à droga e muitos acabam buscando a internação espontaneamente”, disse. De acordo com o vice-prefeito, apenas na segunda-feira 12, cerca de 80 a 90 pessoas procuraram os centros de acolhimento em busca de tratamento, o que seria o reflexo direto do cerco intensificado.

Legislação impede erradicação da cracolândia, diz Mello Araújo

Apesar dos avanços, Mello Araújo declarou que erradicar completamente a cracolândia ainda é um desafio distante. Para ele, legislações federais que reduzem a pena por porte de drogas e flexibilizam a prisão em flagrante — como as audiências de custódia — favorecem a permanência do tráfico e dificultam a atuação das forças de segurança.

“Estamos enfrentando políticas de desencarceramento, de incentivo ao tráfico. O governo federal, ao invés de ajudar, cria dificuldades, como fez na intervenção na favela do Moinho, onde encontramos forte presença do tráfico”, criticou.

Segundo ele, a remoção da favela, realizada em parceria entre o governo do Estado e a prefeitura, foi necessária tanto por questões de segurança quanto para oferecer condições mais dignas à população que vivia no local.

“Aquela área sustentava o tráfico e mantinha o ciclo de degradação. Tinha comércio ilegal, tráfico pesado e vidas em risco. Nós decidimos agir, mesmo com barreiras impostas pelo governo federal”, concluiu, reforçando que, apesar das dificuldades, as ações de combate ao tráfico e de acolhimento aos dependentes vão continuar.

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