Monark: ‘Brasil é uma ditadura, é impossível voltar agora’

O comunicador Bruno Aiub, o Monark, está fora do Brasil e não pretende voltar. Em entrevista exclusiva a Oeste, o precursor do gênero podcast no país alega ser vítima de perseguição política. Segundo Monark, o Brasil se transformou em uma ditadura, na qual opiniões contrárias aos poderosos são punidas com censura, perda de renda e bloqueios judiciais.

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No último ano, o influenciador foi condenado a um ano de prisão por injúria contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, decisão que classificou como desproporcional. Para Monark, o Judiciário assumiu o controle da política nacional e atua como “autoridade máxima”.

Monark critica Moraes

O influenciador critica especialmente o ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem atribui o comando do que chama de “aparelhamento da máquina pública”.

Monark diz ter sido usado como exemplo para intimidar outros criadores de conteúdo. Perdeu contratos, teve contas bancárias bloqueadas e ainda não conseguiu recuperar o perfil principal na rede X. “Estou sem voz na internet brasileira”, afirma. Enquanto, segundo ele, o país não respeitar os direitos individuais, não há chance de retorno.

Confira a íntegra da entrevista com Monark

Você recuperou seus perfis nas redes sociais depois dos episódios de censura? Como está sua presença digital hoje?

Não recuperei os perfis ainda, apesar de que tem um no X que voltou — um secundário —, mas o principal ainda está banido. Continua tudo na mesma, na questão da primeira pergunta. Eu estou sem voz na internet brasileira.

Como você avalia a condenação da Justiça Federal, que o puniu com um ano de prisão por injúria contra o ministro Flávio Dino?

Acho absurdo alguém, um comentarista ou uma pessoa que está na internet, ser preso por um ano porque chamou um ministro que é gordo de “gordo”. Isso é, obviamente, perseguição política. Apesar de existir algo chamado injúria na lei brasileira — o que também é um absurdo —, isso deveria ser revisado.

Você passou a se sentir ameaçado depois das polêmicas e decisões judiciais contra você?

Algumas ameaças a gente recebe. Mas eu não me sinto inseguro fisicamente. A pressão maior é psicológica: ter sido expulso do meu país, não poder trabalhar, ter perdido tudo…

Qual é a sua visão sobre o funcionamento do Judiciário brasileiro hoje?

O sistema jurídico virou a forma com que a máquina pública toma decisões. Virou uma ditadura. Eles são, meio que, os árbitros da política, a autoridade máxima. Parece que essa é a solução política da elite brasileira atualmente. E eles se mantêm fortes nisso porque é conveniente para eles: ter alguém que consiga mexer na máquina pública de forma tão abrangente significa poder fazer muitas coisas que a elite quer. Então, imagino que vai continuar assim enquanto ele [Alexandre de Moraes] estiver servindo. Vai continuar forte, coordenando tudo.

Você pensa em voltar ao Brasil? Quais são os obstáculos?

No momento, acho impossível voltar para o Brasil porque o Brasil é uma ditadura — e eu sou contra a ditadura. Voltar significaria ter que viver sob essa ditadura. Então, prefiro ficar aqui nos Estados Unidos por enquanto, conhecer um pouco mais, ter essa experiência. Quem sabe, um dia, eu consiga voltar quando o Brasil estiver menos autoritário, quando talvez engrenar para o lado dos direitos individuais — e não para esse caminho do Estado acima de tudo, do comunismo, que é o que está acontecendo agora.

Você acredita que foi usado como exemplo para intimidar outros criadores de conteúdo no Brasil?

Com certeza, eu fui pego como exemplo. A intenção é colocar medo nos outros criadores, mostrar o que pode acontecer se você falar coisas que o establishment — seja brasileiro ou internacional — não gosta. É uma forma de censura. Uma maneira de fazer todo mundo ficar calado, com medo. Então sim, fui usado como exemplo.

Entre os bloqueios financeiros, cancelamentos e o exílio, o que foi mais difícil nesse processo?

Sim, sofri bloqueios financeiros, cancelamentos, perdi contratos, tive que ir para outros países — tudo isso. Toda essa situação é absurda. Uma pessoa ter que passar anos sob perseguição é bem difícil. Não é fácil. Mexe com a cabeça, o isolamento é ruim para mim. É uma situação bem complexa. Espero que um dia o país melhore, que talvez as coisas voltem ao normal. Que o mundo melhore, porque ele está meio triste.

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