Correios mantêm sigilo em contrato com empresa de marketplace

Os Correios mantêm sob sigilo os valores e a duração do contrato firmado com a empresa Infracommerce para o desenvolvimento de sua nova plataforma de marketplace, batizada de “Mais Correios”. A estatal afirma que as “informações desse contrato são restritas pelo sigilo empresarial”, conforme nota enviada à revista Veja nesta segunda-feira, 9.

A Infracommerce foi selecionada por meio de chamamento público e é responsável por toda a infraestrutura digital do marketplace, como a plataforma de comercialização, sistemas de pagamento, usabilidade, segurança e suporte tecnológico. Segundo os Correios, a empresa será remunerada com base em comissões sobre o valor das vendas intermediadas no ambiente digital.

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O marketplace faz parte da estratégia dos Correios de diversificar suas atividades e buscar novas fontes de receita, através do projeto “Correios do Futuro”. A plataforma está em fase de apresentação interna por meio de transmissões ao vivo para os funcionários da estatal e deve ser lançada nas próximas semanas.

Apesar dos planos de expansão, tanto os Correios quanto a Infracommerce apresentaram prejuízos recentes. Em 2024, a Infracommerce registrou perdas de R$ 1,8 bilhão, além de um prejuízo adicional de R$ 44,8 milhões no primeiro trimestre de 2025.

Já os Correios encerraram o ano de 2024 com déficit de R$ 2,13 bilhões. Com os investimentos realizados no mesmo período, o prejuízo total da estatal chegou a R$ 3,2 bilhões, o que representou cerca de 50% do déficit total das estatais federais no ano.

Movimento no Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Benfica

Em nota, a estatal defendeu o novo projeto. “O Mais Correios foi desenvolvido com planejamento rigoroso, responsabilidade fiscal e aproveitamento inteligente das sinergias com estruturas já existentes”, e afirma que sua implementação será “gradual, priorizando eficiência operacional, controle de custos e resultados sustentáveis no médio e longo prazo”.

O lançamento oficial da parceria entre os Correios e a Infracommerce ocorreu no dia 2 de abril, na sede da estatal em Brasília, e contou com a presença de autoridades governamentais e representantes do setor de e-commerce.

Correios destacam papel de inclusão e fomento ao empreendedorismo

Durante o evento, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, declarou: “A ideia é que os Correios se tornem um elo ainda mais forte, conectando todas as regiões de forma eficiente, com um olhar atento ao desenvolvimento local e ao fomento do empreendedorismo”.

A plataforma “Mais Correios” tem como objetivo democratizar o acesso ao comércio eletrônico em todas as regiões do país. De acordo com o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, “95% das empresas brasileiras são micro e pequenas”, responsáveis pela maioria dos empregos formais criados no país – “em 2024 elas geraram 60% dos novos postos de emprego”.

O ministro das Comunicações à época, Juscelino Filho, afirmou que a iniciativa tem caráter estratégico e que “nenhuma outra empresa rivaliza com a capilaridade dos Correios, que tem a capacidade de entrega nas localidades mais distantes”. A ideia é permitir que os Correios atuem como canal de vendas, com entregas realizadas exclusivamente por sua estrutura logística.

A segunda fase do projeto prevê o estímulo à participação de pequenos e médios negócios na plataforma, com o objetivo de permitir que empreendedores de todas as regiões do país comercializem seus produtos por meio do marketplace.

O contrato com a Infracommerce foi aprovado pelo Conselho de Administração dos Correios e, segundo a estatal, seguiu os parâmetros estabelecidos pela Lei das Estatais, com base em critérios objetivos de competitividade. A empresa foi escolhida depois de avaliação das capacidades técnicas das participantes do chamamento público.

A Infracommerce é uma empresa com 12 anos de atuação no setor de comércio digital, está listada na B3 e opera em nove países da América Latina. De acordo com informações da própria empresa, seu volume bruto de mercadorias transacionadas (GMV) é superior a R$ 15 bilhões.

O presidente dos Correios afirmou que a plataforma utilizará “um site novo, com nome novo”, e que os produtos anunciados contarão com entregas feitas exclusivamente pela estatal. “Vamos entrar com uma marca que é muito importante: a dos Correios”, declarou. A previsão é de que o lançamento ao público ocorra ainda no primeiro semestre de 2025.

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