A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado deve ficar para 2025. Conforme fontes políticas e do campo jurídico, não há tempo hábil para a apresentação da denúncia em 2024. O prazo é curto, mesmo que a Polícia Federal (PF) consiga entregar o seu relatório de investigação ainda neste ano.
Setores do governo, com base em interlocutores envolvidos no processo, calculam que a denúncia chegue à PGR por volta de fevereiro ou março de 2025, depois do Carnaval. Se existe a certeza de que haverá a denúncia sobre golpe de Estado, o mesmo não vale para as investigações sobre as suspeitas de falsificação da carteira de vacina e suposto desvio de jóias.
PGR e a construção de narrativas
Na verdade, o governo já trabalha com a hipótese de que os temas vacinas e jóias fiquem de fora, em que pese sua eventual relevância para fortalecer a construção da narrativa em torno de uma tentativa de golpe.
A falsificação da carteira de vacina seria um argumento para justificar a fuga de Bolsonaro e familiares para os Estados Unidos. Na mesma linha estratégica de discurso, as jóias seriam convertidas em recursos financeiros para financiar a manutenção material da família em ambiente estrangeiro.
Até as eleições municipais, o que se dizia na PGR era que o procurador-geral Paulo Gonet não faria nenhuma denúncia antes das votações. Seu receio era com o surgimento de acusações de uso político por parte da instituição. Ou seja, o tom da PGR poderia influenciar no resultado das urnas.
Gonet, aliás, vem ganhando a fama de um dirigente centralizador. Subordinados, de forma anônima, dizem que o procurador não compartilha muitas informações, tampouco delega funções. A imagem de Gonet é de uma pessoa meticulosa e com grande cautela na condução de casos com potencial repercussão política.
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