Casos como esse se repetem nas ruas mais antigas do Rio, cenários reconhecidos da história do Brasil. Há dias, foi a vez de um sobrado na rua Senador Pompeu, cenário de romances e crônicas de Coelho Neto, João do Rio e Lima Barreto. Uma pessoa morreu e outra ficou ferida. Um decreto da prefeitura autoriza que o município tome para si o imóvel em caso de abandono pelo proprietário ou não pagamento dos impostos por cinco anos.
Muitos desses imóveis tiveram passado ilustre e merecem, se possível, ser restaurados. O problema é que são muitos -pelo que li, já há mais de 600 cadastrados por um serviço do Patrimônio. E denúncias de moradores alertando para outros ameaçados de cair continuam a chegar.
As cidades não são museus. São lugares de uso -pessoas se instalam nelas, vivem suas vidas, causam deterioração, mudam de endereço e não olham para trás. Às vezes, bairros inteiros são vítimas dessa dinâmica, esvaziados pelo deslocamento da população. O centro profundo do Rio deixou de ser residencial há quase um século, com a migração para a Zona Sul, e implora por uma reurbanização geral. Todo o entorno do atual Sambódromo, hoje degradado e onde se dá a maioria dos desabamentos, já foi endereço nobre.
Alguém tem de olhar para trás. Não há futuro sem presente, e este tem de incluir o passado.
Leia mais (03/30/2025 – 08h00)