Leão XIV adota símbolos tradicionais e marca ruptura estética com Francisco

A primeira aparição pública do papa Leão XIV, na sacada da Basílica de São Pedro, provocou mais do que comentários sobre a liturgia: reabriu um debate sobre o simbolismo por trás do vestuário papal.

Com escolhas que contrastam fortemente com a estreia de Francisco, em 2013, o novo pontífice sinalizou um retorno à tradição visual da Igreja Católica.

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Enquanto o antecessor dispensou adornos e apareceu apenas com uma batina branca simples e uma cruz de ferro, Leão XIV resgatou peças cerimoniais que haviam caído em desuso.

Ele vestiu a mozeta vermelha com bordados dourados, a estola cerimonial, o roquete de rendas e, embora não se saiba a cor exata dos sapatos usados naquele momento, o tom geral da apresentação já indicava um novo estilo.

O simbolismo das vestimentas litúrgicas

A batina branca, usada por todos os papas desde o século 16, simboliza a pureza e a dedicação plena ao serviço de Deus. A estola, colocada sobre os ombros, representa a autoridade sacerdotal e o papel do pastor que conduz seu rebanho, isto é, os presbíteros e os leigos.

Já a mozeta, pequena capa sobre os ombros, expressa a majestade e a dignidade do ofício, bem como a liderança espiritual do pontífice.

Leão XIV
Leão XIV combina sobriedade no vestuário com o resgate de símbolos tradicionais do pontificado | Foto: Reprodução/Redes sociais

O roquete — túnica rendada de mangas curtas — também chamou atenção. Reservada a celebrações solenes, a peça reforçou o vínculo com o alto clero e a solenidade do momento. Como resultado, Leão XIV deixa claro que pretende reafirmar a continuidade com a tradição.

Na missa celebrada no dia seguinte, ele usou sapatos pretos, seguindo o padrão estabelecido por Francisco. A escolha discreta contrastou com os tradicionais sapatos vermelhos, chamados “múleo”, usados por papas como Bento XVI, que simbolizavam o sangue dos mártires.

Um novo padrão estético no Vaticano

Francisco construiu sua imagem desde o início com gestos de simplicidade e distanciamento dos símbolos tradicionais da hierarquia. A recusa da mozeta, por exemplo, foi interpretada como “humildade” diante dos paramentos majestáticos associados ao cargo.

Leão XIV adotou outro caminho. Sem romper com a herança imediata, ele optou por resgatar elementos visuais ligados à história da Igreja. A escolha se aproxima da estética litúrgica de Bento XVI, que também valorizou signos clássicos durante seu pontificado.


Na Capela Sistina, Leão XIV celebrou sua primeira missa como papa vestindo casula branca, mitra e pálio. Também portava a férula — a cruz cerimonial. A ausência de ornamentos exagerados nas vestes e no báculo indicou um equilíbrio entre tradição e sobriedade.

As cores na liturgia têm significado teológico. O branco, escolhido por Leão XIV na celebração inaugural, expressa pureza e alegria — adequado ao início de um pontificado. Outras cores, como vermelho, verde ou roxo, aparecem conforme o calendário litúrgico e refletem o espírito de cada tempo da Igreja.

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Com sua primeira bênção Urbi et Orbi, Leão XIV não apenas se apresentou ao mundo — mas também comunicou, em cada detalhe, como pretende exercer seu ministério.

As imagens da sacada do Vaticano deixaram clara sua opção: recuperar os sinais visíveis de um papado que também se comunica por meio de símbolos e preserva a autoridade milenar do cargo.

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